Imprensa internacional vê economia brasileira com melhores perspectivas

Estudo aponta que acordos bilaterais, política ambiental e o novo arcabouço fiscal elevaram a reputação do Brasil no mundo

Foto: Ricardo Stuckert

Os 100 primeiros dias do governo Lula demonstraram perspectivas mais favoráveis à economia brasileira, segundo a imprensa internacional. É o que aponta análise feita pelo Radar +55, que monitora 12 veículos de mídia em oito países diferentes. Os índices representam uma reversão de tendência depois de quatro anos de governo Bolsonaro.

A análise aplica metodologia do Índice de Desempenho na Mídia (IDM), desenvolvido pelo Grupo BCW Brasil, e tem como objetivo aferir a reputação internacional da economia brasileira.

Os veículos monitorados são o Clarín e La Nación, da Argentina, El Mercurio, do Chile, El Universal, do México, The Wall Street Journal, New York Times e Washington Post, dos Estados Unidos, Der Spiegel, da Alemanha, Le Monde, da França e Financial Times e The Economist, da Inglaterra.

Segundo o estudo, no acumulado dos três primeiros meses do ano, a análise de 295 notícias da imprensa internacional gerou um Índice de Reputação de 444 pontos (257 pontos, em janeiro, 84, em fevereiro, e 103, em março).

Durante o trimestre, alguns aspectos foram decisivos para o bom desempenho da economia brasileira. Em janeiro, apesar das tentativas de golpe de Estado, a delegação brasileira que foi ao Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), reiterou compromissos do Brasil com a retomada do crescimento econômico com sustentabilidade ambiental e justiça social.

No começo do mandato, o Brasil também vinha pressionando o governo dos Estados Unidos a retomar os investimentos no Fundo Amazônia. No dia 20, o presidente Joe Biden anunciou US$ 500 milhões para a floresta.

Segundo o estudo, o meio ambiente foi “o recorte que apresentou a maior variação de pontos, sendo o fator decisivo para a melhoria da reputação do país no exterior”. “A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi um agente importante nesse segmento, sendo protagonista em 10% das reportagens sobre o assunto”.

O restabelecimento de acordos bilaterais com países da América Latina, Estados Unidos, China e Europa também resultaram em pontuação alta.

Em março, o governo conseguiu reestabelecer a compra de carne bovina brasileira para a China e, em abril, Lula e Xi Jinping firmaram o maior acordo na história da relação entre os países. Somados, os 15 pontos assinados pelos chefes de estados dos dois países chegam a R$ 50 bilhões em investimentos.

As relações bilaterais do Brasil com seus parceiros comerciais e a forma como o país lidou até aqui com o o impacto ambiental das mudanças climáticas somaram, respectivamente, 637 pontos e 197 pontos no estudo da Radar +55.

A política cambial, liderada pela desdolarização da relação Brasil-China e a proposta de moeda única para transações entre os países da América Latina também renderam pontos de reputação ao país. A apresentação do novo arcabouço fiscal foi outro aspecto importante, segundo o estudo. Ambos aspectos somaram 170 pontos.

Os números representam uma forte reversão de tendência, se comparados com os trimestres anteriores, quando Paulo Guedes e Jair Bolsonaro estavam à frente da economia. A evolução mensal em pontos revela que no acumulado de 2022 a economia brasileira obteve resultado negativo, -1.270 pontos.

Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), durante 2020 e 2022 a economia brasileira teve desempenho pior do que 96 nações, acumulando no período crescimento no Produto Interno Bruto de 4,5%.

Entre os veículos de imprensa que melhor avaliam a economia brasileira sob o governo Lula, jornais da China, Estados Unidos e México figuram nas primeiras posições. Na China, 87% das menções da imprensa na primeiro trimestre foram positivas, ante 72% nos Estados Unidos e 70% no México.

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