Base “calcificada” de Lula garante apoio ao governo superior à rejeição
Para Felipe Nunes, realizações do governo “poderiam ter desempenho melhor”, mas são pouco conhecidas
Publicado 19/04/2023 12:16 | Editado 20/04/2023 20:05
A aprovação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue superior à reprovação. Mas a diferença entre esses dois polos ficou mais curta ao longo do ano. É o que aponta a nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (19).
Conforme o levantamento, a gestão federal – que tomou posse em 1º de janeiro – é aprovada por 36% dos brasileiros. Em fevereiro, o índice de apoio era maior – estava em 40%.
Já a rejeição – que era de 20% – subiu para 29% em dois meses. Para 29%, a gestão é regular. Outros 6% não sabem ou não responderam à pergunta.
“O que pode estar acontecendo? Depois da Lua de Mel, observamos uma acomodação do eleitorado que não sabia (em fevereiro) como avaliar o governo”, explica Felipe Nunes, diretor da Quaest.
“Lula tem sido um bom presidente para quem votou nele. Mas seu governo, ao não fazer acenos para o eleitorado de centro e oposicionista, dá boas razões para que ele passe a buscar motivos para não gostar do que está vendo”, agrega Felipe.
Segundo o diretor, “foram os eleitores que votaram em Bolsonaro na eleição do ano passado que passaram a se posicionar contrariamente ao governo. Entre os bolsonaristas, a avaliação negativa do governo subiu de 51% para 60%”.
A pesquisa aponta que o noticiário negativo sobre o governo tem gerado mais repercussão que a pauta positiva. Apenas 58% dos entrevistados sabem, por exemplo, que Lula relançou o programa Mais Médicos.
O grau de conhecimento dos brasileiros é a inda menor para iniciativas como o aumento do salário mínimo (57%), a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda (55%), o aumento do piso dos professores (50%) e o reajuste na bolsa de pesquisadores (38%).
“Se o comportamento do presidente, a percepção de baixa entrega e o volume de notícias negativas pode estar contribuindo para a piora na avaliação do governo, as realizações divulgadas até aqui poderiam ter desempenho melhor”, diz o diretor da Quaest.
Embora os novos números possam trazer sinais de alerta para Lula e sua gestão, Felipe Nunes traz um contraponto importante. “Está tudo perdido para o governo? Não! A pesquisa mostra que a base lulista está calcificada e não vai abandoná-lo facilmente”, afirma.
A Quaest ouviu 2.015 pessoas presencialmente, em 120 municípios, de todas as regiões do país, entre os dias 13 a 16 de abril. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.