Lula quer apoiar reindustrialização com programa similar ao Plano Safra

Embora o Brasil detenha um dos dez maiores parques industriais do mundo, não há programa de financiamento público para o setor

O Plano Safra – um dos principais indutores da agricultura brasileira – pode ser a inspiração para o governo Lula lançar um programa de financiamento da indústria nacional. Somente no período de um ano que corresponde à safra 2022/2023, o plano disponibilizará R$ 340,88 bilhões em crédito para pequenos e médios agricultores.

Embora o Brasil detenha um dos dez maiores parques industriais do mundo, não há nada similar para empresários do setor – sejam eles pequenos, médios ou grandes. O lobby de gigantes patronais como a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) garantiu uma série de incentivos fiscais nas últimas décadas, mas não uma iniciativa do porte do Plano Safra.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer enfrentar essa discrepância entre o setor secundário (o da indústria) e o primário (o da agropecuária). Dentro do governo, ele é gestor o mais entusiasmado com a ideia de viabilizar um financiamento público robusto para a produção industrial, em linha com o compromisso de Lula em reindustrializar o País.

Na semana passada, em conversa com jornalistas, Haddad ressaltou o legado do Plano Safra. Segundo o ministro, o projeto, além de “conhecido, é “muito transparente” e tem o aval dos economistas, que concordam com “o fomento da produção agrícola no País”. Além disso, o Safra “há mais de duas décadas trouxe ganhos de produtividade muito expressivos no País”.

Não foi apenas um depoimento solto. Na última sexta-feira (1), Haddad encaminhou uma carta ao presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, para confirmar que a indústria também terá um programa aos moldes do Plano Safra. “Ele (Haddad) se comprometeu a colocar (a proposta) na próxima LOA (Lei Orçamentária Anual), trazendo recursos para a indústria de transformação”, afirmou Josué.

A Fiesp, por meio de seu presidente, faz um questionamento legítimo: “É inconcebível que a gente não possa ter algo semelhante. Por que tem (o Plano Safra) no setor agrícola e não tem algo equivalente para a indústria de transformação?”.

No setor agropecuário, créditos para custeio, comercialização e investimento podem, eventualmente, dar retorno em curto e médio prazo. Na indústria, o retorno efetivo de pode durar anos. Ainda assim, entre os dez países mais industrializados do mundo, o Brasil é o único que não tem um projeto público de financiamento. Está nas mãos do governo Lula a possibilidade de começar a mudar essa história.

Autor