Após acusar Moro e Deltan por extorsão, Tacla Duran irá ao Congresso
Parlamentares querem dar maior visibilidade ao caso, convidando o advogado a relatar as acusações
Publicado 28/03/2023 12:32 | Editado 28/03/2023 18:15
O depoimento de Rodrigo Tacla Duran ao juiz Eduardo Fernando Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, confirmando, nesta segunda-feira (27), que sofreu tentativa de extorsão por parte do ex-juiz Sergio Moro, senador do União Brasil, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, deputado federal do Podemos, caiu como uma bomba no Congresso.
O advogado será chamado ao parlamento para dar mais explicações. Ele entregou áudios e fotos envolvendo os dois parlamentares.
“Vou apresentar convite pra que Tacla Duran possa ser ouvido na Câmara dos Deputados. Dar visibilidade ao que ele tem a dizer pode ser muito importante pra evitar a ação daqueles que possam tentar abafar o caso”, disse o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).
De acordo com o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), é preciso informar já que a mídia resolveu não tratar do tema de forma direta e clara. “Vamos aos fatos: Tacla Duran declara que sofreu tentativa de extorsão e denuncia Moro e Dallagnol. Ele apresentou provas que precisam agora ser investigadas”, lembrou.
“GRAVE! Ex-advogado da Odebrecht, Tacla Duran depõe na PF e apresenta fotos e gravações para reforçar acusações contra Sergio Moro. Ele acusa o ex-juiz de ter prometido facilidades na Operação Lava Jato em troca de dinheiro”, escreveu no Twitter o senador Humberto Costa (PT-PE).
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Por conta da prerrogativa de foro, o magistrado enviou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado foi colocado no programa federal de proteção à testemunha.
“Diante da notícia crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro (Dallagnol e Moro) encerro a audiência para evitar futuro impedimento”, disse o juiz.
Depoimento
Duran afirmou que foi alvo da Lava Jato por não ter aceitado ser extorquido. “O que estava acontecendo era um bullying processual, em que me fizeram ser processado pelo mesmo fato em cinco países por uma simples questão de vingança”, disse.
Sem meses antes de ser preso, em 2016, o advogado relatou que tinha sido procurado pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior, que era sócio de Rosângela Moro, mulher do ex-juiz.
Em conversa pelo aplicativo Wickr Me, Zucolotto ofereceu acordo de colaboração premiada, que seria fechado com a concordância de “DD” (iniciais do ex-procurador da República Deltan Dallagnol). Em troca, queria US$ 5 milhões. Zucolotto disse que os pagamentos deveriam ser feitos “por fora”.
Um dia depois, seu advogado no caso recebeu uma minuta do acordo em papel timbrado do Ministério Público Federal, com o nome dos procuradores envolvidos e as condições negociadas com Zucolotto.
Em 14 de julho de 2016, Tacla Duran fez transferência bancária para o escritório de um outro advogado, no valor de US$ 613 mil, o equivalente hoje a R$ 3,2 milhões. A transferência era a primeira parcela do pagamento pela delação. “Paguei para não ser preso”, disse Tacla Duran em entrevista a Jamil Chade, do UOL.
O site Conjur destacou que, no domingo (26), o influencer Thiago dos Reis divulgou o documento de transferência bancária para a conta do segundo advogado, que foi parceiro de Rosângela Moro em ações da Federação da Apae no Paraná e também na defesa da família Simão, um caso que ficou conhecido como “máfia das falências”.
Porém, depois Duran deixou de fazer os pagamentos, e Sergio Moro decretou sua prisão preventiva. Contudo, o advogado já estava fora do Brasil. Ele acabaria preso em Madri, na Espanha.
Com informações do Conjur