China e Rússia assinam acordos e proclamam “nova era”
Xi Jinping e Vladimir Putin concordaram em resistir “conjuntamente à interferência de forças externas nos assuntos internos”
Publicado 22/03/2023 14:06 | Editado 24/03/2023 12:30
A visita de três dias do presidente da China, Xi Jinping, à Rússia, concluída nesta quarta-feira (22), é um marco para o que os dois países chamaram de “ordem mundial multipolar”. Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, ressaltou as “possibilidades e perspectivas ilimitadas” de cooperação, Xi afirmou que as relações entre China e Rússia “entram em uma nova era”.
Na noite de terça-feira (21), os dois líderes divulgaram uma declaração conjunta para anunciar o estreitamento dos “laços bilaterais” no âmbito militar. Segundo Xi, a posição da China nos conflitos internacionais leva em conta a promoção de “paz e diálogo”, especialmente na Ucrânia. Os chineses – enfatizou Xi – estão “do lado certo da história” e concordam em, ao lado dos russos, “resistirem conjuntamente à interferência de forças externas nos assuntos internos”.
Putin, por sua vez, elogiou os 12 pontos do plano de paz apresentado pela China, mas ponderou que a Ucrânia e o Ocidente não parecem “prontos” sequer para debater uma saída razoável para a guerra. “Muitas das provisões do plano de paz apresentado pela China estão em consonância com as abordagens russas – e podem ser tomadas como base para um acordo pacífico quando estiverem prontos para isso no Ocidente e em Kiev. No entanto, até agora nós não vemos tal prontidão da parte deles”, disse Putin.
Com relação aos conflitos entre China e Taiwan, o presidente russo reiterou seu apoio ao princípio de “uma China”. Além disso, houve um rechaço comum à guerra nuclear, bem como ao pedido de prisão contra Putin feito arbitrariamente pelo TPI (Tribunal Penal Internacional).
China e Rússia garantiram que, a despeito da crescente parceria estratégica, são contrárias a uma “aliança do tipo político-militar”. Nesse sentido, criticaram tanto o novo pacto Aukus (firmado entre Austrália, Estados Unidos e Reino Unido) quanto a expansão militar Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Ásia.
Do ponto de vista econômico, a viagem de Xi rendeu uma segunda declaração conjunta, que estabelece mais cooperações bilaterais até 2030, com foco em oito áreas. “A China é o principal parceiro de comércio exterior da Rússia”, afirmou Putin.
Um dos projetos prevê a construção do segundo gasoduto da Rússia à China, o que deve expandir as exportações do gás natural russo. O gasoduto será construído na Sibéria e transportará gás através da Mongólia.
Num mundo pós-pandemia e às voltas com o risco de uma nova crise financeira, China e Rússia saem fortalecidas da cúpula que reuniu seus dois líderes. Xi chegou a convidar Putin para ir a China ainda em 2023, “num momento conveniente”, conforme o relato do primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin. Putin deve retribuir a visita e participar do 3º Fórum da Nova Rota da Seda para Cooperação Internacional, ainda sem data definida.