Apoio à democracia cresceu após vitória de Lula, diz pesquisa

Para 73% dos brasileiros, a democracia é sempre a melhor forma de governo. Apenas 11% defendem que um governo autoritário é melhor em algumas situações.

As eleições presidenciais de 2022 – que terminaram com a histórica vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno – ajudaram a ampliar o apoio popular à democracia. É o que aponta pesquisa nacional “Panorama Político 2023”, realizada pelo Instituto DataSenado. 

O levantamento ouviu 2.007 eleitores, por telefone, em novembro passado – a eleição se encerrou em 30 de outubro. Os resultados da sondagem, no entanto, só foram divulgados pelo Senado na semana passada.

De acordo com a pesquisa, 73% dos brasileiros acreditam que a democracia é sempre a melhor forma de governo. Essa adesão cresceu ao longo da gestão Bolsonaro – era de 58% em dezembro de 2019; 65% em janeiro de 2021; e de 67% em dezembro de 2021.

Em contrapartida, apenas 11% defendem que um governo autoritário é melhor em algumas situações – o índice chegou a 21% em dezembro de 2016 e estava em 16% em dezembro de 2021..

Já o grau de satisfação com a democracia brasileira variou. Dois em cada três entrevistados dizem estar satisfeitos com nosso Estado Democrático de Direito, mas houve modulações. Em quase um ano, os “pouco satisfeitos” passaram de 58% para 49%, ao passo que os “muitoo satisfeitos” foram de 10% para 18%.

Já os “nada satisfeitos” seguem estabilizados na faixa de 28%, um ponto percentual a menos do que o levantamento anterior. É um índice elevado, embora a sondagem revele a ineficácia da mobilização de novos adeptos para causas golpistas.

O refluxo da crise sanitária também influenciou no resultado da pesquisa. Em janeiro de 2021, quando a pandemia de Covid-19 se encaminhava para o auge, 45% das pessoas indicavam a saúde como maior preocupação. No novo levantamento, a saúde continua a liderar a lista, mas as citações caíram para 26%.

No mesmo período: a preocupação maior com a corrupção subiu de 11% para 17%; com a educação, de 6% para 14% (num possível reflexo da volta maciça às aulas presenciais); e com o custo de vida, de 12% para 14%.

O empobrecimento geral da população sob o governo Bolsonaro também se reflete na pesquisa do DataSenado: 68% dos brasileiros dizem que não conseguem poupar dinheiro para emergências e necessidades. Já 37% dizem ter dívidas em atraso há mais de 90 dias.

Talvez por isso, é grande a aprovação a políticas que combatem a desigualdade de renda, como tornar permanente o Auxílio Brasil (75% são favoráveis) e criar impostos sobre grandes fortunas (apoio de 62%). Pautas mais polêmicas, como o aborto – ou melhor, o “direito de as mulheres interromperem a gravidez com segurança, caso elas queiram” –, têm um aceitação menor: 37%.

Por sinal, perguntas que envolvem mulheres revelam a consciência das pessoas sobre problemas concretos que se agravaram na pandemia. Para 71% dos entrevistados, por exemplo, a violência doméstica e familiar contra a mulher aumentou nos últimos 12 meses – percepção já confirmada por diversas estatísticas oficiais.

Em alta também está a aceitação ao sistema de cotas para negros em universidades. O índice dos que concordam com essa política passou de 49% para 58% entre janeiro de 2021 e novembro de 2022. A massa contrária regrediu, no mesmo período, de 46% para 36%.

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