Internações por Covid-19 no Amazonas tem alta de 546%
O pesquisador da Fiocruz Jesem Orellana observou que em fevereiro houve um aumento repentino de 13 para 100 casos de pacientes internatos
Publicado 19/02/2023 13:00 | Editado 23/02/2023 11:00
O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia, demonstrou preocupação com o aumento súbito de pacientes internados com Covid-19 no Amazonas.
De acordo com ele, em menos de 15 dias houve um aumento de 13 para cerca de 100 pacientes internados com a doença na rede hospitalar local em fevereiro. Ou seja, uma alta de 546% de internações.
“A situação é preocupante, pois mais da metade da população do Estado encontra-se com esquema vacinal em atraso para a primeira dose de reforço”, afirmou o pesquisador.
Outra observação feita por ele é que desde 7 de agosto do ano passado não era registrado um número tão alto, isto é, mais de seis meses.
Diante desse quadro, Orellana orientou o uso de máscaras em todos os ambientes para quem ainda se encontra com esquema vacinal em atraso.
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“Nesse caso, é crucial a intensificação dos cuidados preventivos, tais como uso de máscara em ambientes fechados e com aglomeração, como em eventos, transporte coletivo, manutenção do distanciamento social, higienização das mãos e atualização do esquema vacinal”, defendeu.
Para ele, o cenário é desfavorável por causa do pico do período chuvoso, retorno escolar e proximidade do Carnaval.
“Com toda a aglomeração que naturalmente a festa provoca, devem contribuir à elevação ainda maior de casos positivos e o consequente aumento de internações e possíveis óbitos evitáveis”, alertou.
Ele também criticou a subnotificações de casos em decorrência da vigilância epidemiológica e laboratorial considerada “ineficaz”.
“Há necessidade de termos em mente que a pandemia de Covid-19 ainda não acabou e que estamos mergulhados em um dos poucos lugares do país em que se observa nova alta de casos”, criticou.
“É realmente lamentável, sobretudo se considerarmos o lento e o nada empolgante processo de vacinação com as doses da vacina bivalente (fundamental, sobretudo aos grupos de maior risco) e o constrangedor silêncio e conivência de diferentes atores da sociedade amazonense”, completou em seguida.
Contramão
Na avaliação dele, o Amazonas está na contramão de um quadro nacional mais promissor. Para se ter ideia, houve a divulgação no último domingo (19) que, pela primeira vez, em 24 horas, o Brasil não registrou mortes causadas pela covid-19.
Para justificar essa análise, o cientista destacou recente relatório da Fiocruz no qual registrou aumento na tendência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na capital e no interior. “Aliás, um dos raros exemplos de retomada da epidemia, em 2023, no nível estadual e na sua respectiva capital”, disse.
“Portanto, os dados de aumento súbito nas internações de pacientes com Covid-19 no Amazonas, são a prova de que o estado está na contramão de um panorama mais geral no país. Ademais, a franca retomada da epidemia no Amazonas, mostra que o estado segue sem extrair aprendizados sanitários efetivos e, portanto, como péssimo exemplo”, observou.
Sobre a aplicação de doses de reforço bivalentes, ele disse que isso já deveria ter sido feito pelo governo Bolsonaro, pois as duas vacinas bivalentes da Pfizer contra a Covid-19 foram aprovadas pela Anvisa em novembro de 2022.
Disse que a bivalente já está sendo aplicada em Manaus com “irrecuperável atraso” e vai ajudar na proteção dos grupos prioritários (idosos, gestantes e puérperas, pacientes imunocomprometidos, trabalhadores de saúde e indígenas, por exemplo).