Brasil ficou mais desigual na pandemia, diz pesquisa
Estudo da FGV Social mostra que índice de Gini chegou a 0,7068 em 2020; classe média teve uma queda quase três vezes maior (4,2%) do que os mais ricos (1,2%)
Publicado 15/02/2023 16:01 | Editado 17/02/2023 08:47
O Brasil ficou mais desigual a partir da pandemia, período em que ainda teve de amargar as consequências do governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo pesquisa feita pela FGV Social, da Fundação Getúlio Vargas, o índice de Gini chegou a 0,7068 em 2020, superior ao 0,6013 calculado apenas na Pnad Contínua. Quanto mais o índice se aproxima de 1, pior é a assimetria social.
De acordo com o estudo — que cruzou a base de dados do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) à da Pnad Contínua, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — cada 0,03 ponto corresponde a uma grande alteração da desigualdade.
Usando a metodologia usual do Gini, o patamar teria passado de 0,6117 para 0,6013. No entanto, com a combinação das bases, o indicador vai de 0,7066 para 0,7068.
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Ao explicar o que motivou o uso do imposto de renda para avaliar o cenário das assimetrias nesse período, o levantamento aponta que “o IRPF consegue captar melhor a renda proveniente do ganho de capital, como os lucros no mercado financeiro ou distribuído pelas empresas, por isso traz mais realismo para o rendimento dos mais ricos”.
À Agência Brasil, o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, explicou que “a desigualdade, quando a gente combina dados do imposto de renda com as pesquisas domiciliares, ela se apresenta bem mais alta, e a mudança dela na pandemia não foi de queda como se acreditava, mas de um pequeno aumento”.
Mesmo com o Auxílio Emergencial, diz o estudo, “a desigualdade não caiu em 2020, como se acreditava”. Isso porque, aponta, o ganho da classe média “teve desempenho muito pior que o dos mais ricos”. O estrato da classe média teve uma queda quase três vezes maior (4,2%) do que os mais ricos (1,2%). “A fotografia da desigualdade e o filme da pandemia são piores do que se imaginava”, disse Neri.
Dentre as unidades da federação com maiores rendas médias da população detectadas no IRPF estão em Brasília (R$ 3.148), São Paulo (R$ 2.063) e Rio de Janeiro (R$ 1.754). Maranhão (R$ 409), Pará (R$ 507) e Alagoas (R$ 552) são os que tiveram menor renda média verificada.
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