Lula entregará a Chico Buarque o Prêmio Camões, que Bolsonaro boicotou
“A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões”, ironizou Chico em 2019
Publicado 13/02/2023 14:14 | Editado 14/02/2023 14:36
A maior premiação da língua portuguesa vai chegar, enfim, às mãos do cantor, compositor e escritor Chico Buarque. Vencedor do Prêmio Camões de Literatura em 2019, Chico só não recebeu a homenagem porque Jair Bolsonaro – que precisava assinar a documentação em nome do governo brasileiro – boicotou deliberadamente a iniciativa.
Conforme acordo entre Brasil e Portugal, o diploma da premiação deve ser chancelado pelos chefes de Estado dos dois países – o que Bolsonaro se negou a fazer. Na ocasião, Chico não passou recibo. “A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões”, ironizou o artista.
Como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem viagem marcada para Portugal no final de abril, a cerimônia de premiação deve ser marcada para esse período, em Lisboa. A informação foi confirmada pelo jornalista Jamil Chade, do UOL.
“Agora, Lula vai aproveitar um convite feito pelo presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, para uma viagem oficial para Lisboa no aniversário da Revolução dos Cravos (25 de abril) para também encerrar a polêmica sobre o Prêmio Camões. O Palácio do Planalto e o Itamaraty confirmaram que o evento está marcado para ocorrer na capital portuguesa”, registrou Chade.
Chico foi agraciado na 31ª edição do Prêmio Camões pelo “conjunto da obra”. O professor Manuel Frias Martins, da Universidade de Lisboa, ressaltou a versatilidade da produção buarqueana. “Os textos para teatro, as óperas são de uma qualidade sensacional. Assim também são os romances. Portanto, é uma obra no seu conjunto que justifica esta nossa decisão”, afirmou Martins, ao anunciar a escolha do júri.
O regulamento do prêmio diz que o vencedor precisa ter “contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural” da língua portuguesa. Os vencedores recebem 100 mil euros, que são divididos entre Brasil e Portugal. No caso de Chico, a parcela sob responsabilidade dos brasileiros já foi paga.