Entidade estudantil busca apoio de deputados para reajuste de bolsas de pesquisa
Lideranças da ANPG debatem com deputados reajuste das bolsas de pesquisa para pós-graduandos.
Publicado 09/02/2023 09:03 | Editado 09/02/2023 09:04
Nesta quarta-feira (8), membros da diretoria da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) esteve no Congresso para articular apoio para o reajuste das bolsas. Os deputados que já acompanham com atenção a demanda, receberam o grupo e reafirmaram compromisso com a luta.
Membro da Comissão de Educação, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que já são 10 anos sem reajuste, o que promoveu a “evasão de cérebros” do país. “Trazemos nosso apoio integral à luta pelo reajuste já das bolsas dos pós-graduandos brasileiros. São 10 anos sem reajuste. É muita luta. Infelizmente, com evasão de cérebros, com perda de jovens pesquisadores, com o encolhimento do tecido da pós-graduação. Isso significa menos ciência, menos inovação, menos desenvolvimento nacional. Não é um problema corporativo, é um problema do desenvolvimento nacional e garantia da permanência da inteligência brasileira”, destacou a parlamentar.
Os deputados Márcio Jerry (PCdoB-MA) e Daiana Santos (PCdoB-RS) também participaram do encontro e reafirmaram a defesa do reajuste. “É pelo desenvolvimento social e econômico da nossa nação”, disse Daiana.
A “blitz”, como a ANPG chamou a mobilização feita no Congresso, tem o objetivo de ampliar o apoio de parlamentares e entidades da sociedade científica ao reajuste, e pressionar o governo federal em prol da campanha.
Para Vinícius Soares, presidente da ANPG, “o corpo a corpo ajuda a dar peso para a campanha pelo reajuste”. “Foi a articulação que a gente fez para o pagamento das bolsas e deu certo”, disse o dirigente em referência à pressão feita sobre o governo Bolsonaro, que retirou verbas para o pagamento dos bolsistas em seu governo.
Segundo ele, a luta pelo reajuste é fundamental para valorizar o pesquisador e reconstruir o Brasil. “Alertamos há quatro anos que, sem reajuste há dez anos, as bolsas de estudo da pós-graduação perderam 60% do seu poder de compra. Em nossos encontros, tanto com a ministra Luciana Santos [Ciência e Tecnologia], como com o ministro Camilo Santana [Educação], demonstraram que o governo atenderá nossas demandas”, afirmou.
Atualmente, uma bolsa de mestrado e de doutorado da Capes ou CNPq custa, respectivamente, R$ 1,5 mil e R$ 2,2 mil ao mês. Desde o último reajuste, feito em março de 2013, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE acumula 63,47% de alta. Isso significa que, caso as bolsas fossem reajustadas apenas para corrigir as perdas inflacionárias do período, os valores seriam de R$ 2.452,10 para mestrandos e R$ 3.596,41 para doutorandos.
Desde que assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia, a ministra Luciana Santos vem defendendo o reajuste das bolsas. Durante a 13ª edição da Bienal de Arte e Cultura, realizada pela UNE em conjunto com a ANPG e a UBES, na última semana, no Rio de Janeiro, Luciana Santos explicou as condições deixadas pela gestão anterior e que trabalha para recuperar as verbas da Pasta e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
“Encontramos uma situação de terra-arrasada deixada pelos períodos de Temer e Bolsonaro na Ciência e Tecnologia. Os recursos destinados ao setor caíram de R$ 11 bilhões para apenas R$ 2,7 bilhões desde o impeachment que tirou Dilma Roussef da presidência, em 2016. Mas um dos primeiros compromissos, que já está sendo praticado, é a recomposição do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Nosso governo vai mandar um projeto de lei para garantir a recomposição completa do fundo”, disse.
De acordo com a ministra, o reajuste das bolsas de estudo será atendido o quanto antes, mas os percentuais serão revelados pelo presidente Lula. “O tempo de negação da ciência passou. A ciência volta a ser prioridade no nosso país e vocês podem contar a com a ministra de Ciência e Tecnologia para isso aconteça”, afirmou Luciana no evento.
Segundo o presidente da ANPG, no entanto, os bolsistas têm pressa. “Os últimos anos foram tempos de muita luta e resistência. Bolsonaro perseguiu cientistas, atacou universidades e asfixiou a ciência nacional de modo a criar fenômenos sociais como a fuga de cérebros e o aprofundamento da evasão da carreira cientifica no país. Mas o reajuste é urgente. Essa é a nossa única fonte de renda possível e está defasada”, destacou.