Manter empregos nas Americanas é prioridade, diz Ministro do Trabalho

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, falou ao Valor Econômico que o caso das Lojas Americanas deve ser tratado com olhar para a manutenção dos empregos.

Foto: Allexandre dos Santos Silva

O caso das Lojas Americanas foi tema de entrevista do Valor Econômico com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. A dívida de rede varejista cresceu no final da última semana. Anunciada em R$ 41,2 bilhões, os administradores judiciais atualizaram o valor para R$ 47,9 bilhões.

Segundo Marinho, o Ministério do Trabalho está em contato com Ministério Público do Trabalho e espera um diagnóstico mais preciso do que aconteceu. Para ele, “há um cheiro grande de fraude” e estende a preocupação para as outras empresas do trio formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os três maiores acionistas da companhia.

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O trio, antes aclamado como exemplo de gestão pelos capitalistas nacionais, controla, além das Lojas Americanas, a 3G capital, administradora da AB Inbev, Kraft Heinz e o Burger King.

Para o ministro, é necessário que seja observado se não houve cumplicidade para o rombo financeiro com empresas de auditoria, pois a Price (PwC) havia recomendado as ações da Americanas entre as mais seguras.

Questionado sobre o que o ministério pode fazer de concreto sobre o caso, Marinho afirmou que não é desejo de ninguém a falência de uma empresa desse porte, sendo necessário todo o cuidado para não fragilizar ainda mais a companhia e piorar a situação. A possibilidade observada é a continuidade da recuperação judicial.

Mas, conforme coloca o ministro, a situação deve ser olhada pelo todo de investimentos do trio (Lemann, Telles e Sicupira), sendo que a Americanas é apenas uma das frentes de atuação entre os sócios.

Caso a empresa apresente consistência para ser salva, será formado um grupo de trabalho para permitir que os empregos sejam mantidos, disse Marinho.

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Na entrevista, o ministro ainda apontou que enxerga para o ano oportunidades de retomada, com geração de empregos a partir da volta das obras de em todo o país que Lula pretende fazer em todo o país.

Também pontuou que uma das prioridades do governo, ainda neste primeiro semestre, é definir uma legislação que atenda e proteja os trabalhadores de aplicativo e a continuidade das discussões sobre a ampliação do salário-mínimo, assim como atualizações sobre legislação trabalhista e sindical.

Quanto a uma possível resistência das empresas de aplicativo quanto à regulação sobre os trabalhadores, Marinho indicou que as companhias estão dispostas a conversar. Além disso, acredita que seja possível criar alternativas aos apps já consagrados, como forma de proteger e remunerar melhor os trabalhadores – no mesmo sentido em que o cooperativismo atua.

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