Mostra de Tiradentes divulga carta com medidas para reconstruir audiovisual 

Festival premia documentário “As Linhas Vermelhas da Minha Mão” e emite carta com recomendações para reconstruir setor.

Premiação durante Mostra Tiradentes. Foto: Leo Lara/Universo Produções

Um dos principais eventos do audiovisual brasileiro, a Mostra de Cinema Tiradentes encerrou sua 26ª edição neste final de semana, consagrando o filme “As Linhas Vermelhas da Minha Mão”, de João Dumans, como o vencedor de sua principal categoria, a Mostra Aurora. Ao mesmo tempo, fórum realizado durante o evento emitiu uma carta sobre o desmonte do setor e a necessidade de revitalizá-lo.

O filme vencedor é um documentário dividido em sete atos. Neles, uma atriz, durante uma série de encontros, fala sobre a sua experiência com a arte e a loucura.  Este é o segundo ano consecutivo em que uma produção de Minas Gerais recebe a premiação. A escolha é do corpo de jurados, composto por críticos, pesquisadores e profissionais do audiovisual.

Na Mostra Olhos, dedicada a filmes autorais, o júri composto por estudantes premiou o longa-metragem “O Canto da Amapolas”, dirigido por Paula Gaitán. Já o curta-metragem “Remendo”, de Roger Hill, foi o vencedor da Mostra Foco. 

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Carta de Tiradentes

Assinada por 50 profissionais da área reunidos durante quatro dias em um fórum, a Carta de Tiradentes faz um balanço da atual situação do setor audiovisual brasileiro após a quebradeira dos anos Bolsonaro e apresenta demandas importantes para sua recuperação. 

“Do golpe de estado de 2016 à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, o Brasil conheceu um dos períodos mais obscuros e desafiadores de sua história. E também redescobriu a força e a resiliência da sociedade civil organizada, particularmente das trabalhadoras e trabalhadores das artes, que mesmo imersos em uma guerra cultural absurda, alijados de políticas e programas de investimento do governo federal, resistiram à criminalização e ao desmonte perverso da máquina pública”, diz a carta. 

O documento aponta ainda que “dentre as artes, uma das mais afetadas, perseguidas e quase que totalmente paralisadas está o audiovisual brasileiro independente. Da organização institucional à preservação, passando pela formação, produção, distribuição e exibição, não houve área do audiovisual imune ao ímpeto destrutivo da última gestão do Estado brasileiro. A pulsão de morte típica dos regimes nazifascistas, que se abateu sobre o país e o setor cultural, se materializou em acontecimentos trágicos, como os recentes e furiosos ataques às sedes dos poderes da República, e as chamas que consumiram filmes e documentos no incêndio de um dos depósitos da Cinemateca Brasileira”. 

A carta elenca uma série de informações e recomendações produzidas pelo fórum, a serem encaminhadas ao Ministério da Cultura, em especial à Secretaria do Audiovisual e à Ancine, e para outros órgãos do poder Executivo, além dos poderes Legislativo e Judiciário. 

Dentre as medidas propostas estão, entre outras, o resgate e qualificação do tripé da institucionalidade da política audiovisual brasileira; a aprovação,  com urgência, do “Marco Regulatório do Fomento à Cultura”; avançar na regulação da operação do Vídeo Sob Demanda (Streaming); aprovar instrumento legal com urgência que restabelece a Cota de Tela para garantir a exibição da produção independente brasileira em salas de cinema e suas respectivas sessões; mobilização pela prorrogação da vigência da Lei do Audiovisual.

Leia aqui a íntegra do documento. 

(PL)

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