Lula recebe apoio para punir militares golpistas

Segundo o ministro da Defesa, José Múcio, Exército, Marinha e Aeronáutica já iniciaram investigações para apurar e punir integrantes que tenham violado as regras da carreira militar.

Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comunicou formalmente à cúpula das Forças Armadas que vai punir duramente os militares envolvidos com atos golpistas e inconstitucionais, como a invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no último dia 8. Lula se reuniu na manhã desta sexta-feira (20), no Palácio do Planalto, com os comandantes do Exército, general Júlio Cesar de Arruda; da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen; e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.

Após a reunião, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que as adesões de militares da ativa ou da reserva ao golpismo se deram em caráter individual. Tanto que, segundo Múcio, os três comandantes manifestaram apoio à decisão de Lula. “Não houve envolvimento direto das Forças Armadas (nos atos antidemocráticos). Agora, se algum elemento individualmente teve sua participação, ele vai responder como cidadão”, declarou.

“Os militares estão cientes e concordam que vamos tomar as providências. Evidentemente, no calor da emoção, precisamos ter cuidado para que os julgamentos e acusações sejam justos para que as penas sejam justas”, acrescentou o ministro. “Mas tudo será providenciado no seu tempo.”

Para Múcio, com o apoio expresso dos militares, esgotam-se as chances de um atentado como o de 8 de janeiro, que culminou na invasão e na depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal). “Não tenho a menor dúvida que outro (ataque) daquele não vai acontecer, até porque as Forças Armadas vão se antecipar”, afirmou o ministro.

Nesta semana, a Folha de S.Paulo divulgou relatório do Ministério da Justiça que confirma a participação de pelo menos oito militares da ativa lotados na Presidência da República em atos golpistas. No final de 2022, eles foram a ações ilegais promovidas em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. Alguns desses militares eram membros de um grupo bolsonarista no WhatsApp que fazia ameaças a Lula.

Segundo Múcio, Exército, Marinha e Aeronáutica já iniciaram investigações para apurar e punir integrantes que tenham violado as regras da carreira militar. Como a busca de “comprovações” está em pleno andamento, o tema nem sequer chegou a ser discutido na reunião entre Lula e os comandantes das três Forças. “Nós tratamos da capacidade de geração de emprego que o Brasil tem na indústria de Defesa”, apontou Múcio. “A gente tem que pensar para frente – tem que pacificar esse país. A gente tem que governar.”

Em suas redes sociais, Lula também enfatizou outras pautas ao divulgar uma foto do encontro com a cúpula militar. “Na reunião desta sexta-feira, tratamos do potencial da nossa indústria de Defesa para a geração de empregos, com planejamento e investimento em tecnologia”, postou o presidente.

Ainda assim, a audiência pode ser considerada um ponto de distensão e aproximação entre a Presidência da República e as Forças Armadas. Participaram também da reunião o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin; o ministro da Casa Civil, Rui Costa; e líderes empresariais como Josué Gomes, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Autor