PF quer dados na nuvem do celular de Torres
Quando foi preso ao chegar dos Estados Unidos, Anderson Torres estava sem o telefone, cujo conteúdo pode esclarecer seu envolvimento nos atos golpistas
Publicado 17/01/2023 16:41 | Editado 18/01/2023 14:23
Quando foi preso no Aeroporto Internacional de Brasília no último sábado (14), vindo dos Estados Unidos, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (DF) Anderson Torres estava sem o celular.
Para avançar nas investigações sobre omissão e conivência do ex-ministro nos atos golpista de domingo (8), a Polícia Federal (PF) quer obter informações do aparelho por meio da nuvem de dados. A informação é do blog da jornalista Ana Flor do G1.
Em Miami (EUA), onde teria deixado o aparelho, Torres chegou a dizer que o celular foi clonado. De acordo com os investigadores, isso pode ser um sinal de que ele temia pelo conteúdo a ser encontrado no telefone.
Leia mais: Torres continua preso e deve depor sobre atos golpista nesta semana
A situação de Torres ficou mais complicada após policiais encontrarem na sua residência uma minuta de decreto estabelecendo Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A medida anticonstitucional e golpista anularia a eleição presidencial.
Ele deve depor ainda esta semana para prestar esclarecimento sobre a suposta conivência com os atos fascistas e o documento batizado de “minuta do golpe”. O depoimento, ainda sem data, será marcado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Sabotagem
O interventor na segurança do DF Ricardo Cappelli, que é secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, responsabilizou Torres diretamente pelos atos fascistas. “Ele montou a sabotagem e fugiu do Brasil”, afirmou.
“É simples. No dia 2, Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, assumiu a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, exonerou todo o comando da secretaria, mudou todo o comando e viajou”, acusou Cappelli.
“O que faltou no domingo foi a liderança da Secretaria de Segurança. Houve uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres. Ele montou a sabotagem e fugiu do Brasil”, acrescentou.
Em depoimento à PF, o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também culpou Torres pela situação e considerou que “houve algum tipo de sabotagem”.