Milhões de cadastros do Bolsa Família têm indícios de irregularidade

Governo Bolsonaro não tomou medidas para combater irregularidades; ministro Wellington Dias indica que CadÚnico pode ter cerca de 10 milhões de inscrições indevidas.

Foto: Divulgação

Indícios de irregularidade no cadastro do Bolsa Família, chamado de Auxílio Brasil sob Bolsonaro, podem chegar a 10 milhões, indicou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.

Em conversa com a imprensa, o ministro disse que o novo Bolsa Família será apresentado em fevereiro e deverá ser atualizado para observar o grande aumento de “famílias unipessoais”, formadas por uma única pessoa, que recebe o benefício.

Segundo Dias, dos 10 milhões de inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) com indícios de irregularidades 6 milhões são de famílias unipessoais que entraram nos últimos anos no sistema. A base do cadastro conta com 40 milhões de famílias inscritas.

Leia também: Governo Bolsonaro não apurou possíveis fraudes em auxílio

Com o recadastramento da base do CadÚnico o governo irá analisar quem está recebendo irregularmente o benefício para tirar do cadastro. A partir da medida será possível estabelecer maior justiça no pagamento e atingir realmente as famílias mais necessitadas que, eventualmente, ainda não estejam recebendo o Bolsa Família.

Além de diminuir as irregularidades no sistema e incluir novos beneficiários que realmente atendam aos critérios sociais, o governo irá pagar adicional de R$150 para filhos menores de 6 anos no mês de março.

Irregularidade

Em coluna publicada pelo colunista do UOL, Carlos Madeiro, a suspeita de irregularidades no Auxílio Brasil já era observada pelo governo Bolsonaro, que nada fez para apurar o exponencial aumento de cadastros unipessoais.

O então ministério da Cidadania somente emitiu uma instrução normativa para apurar os casos em novembro de 2022, depois das eleições. No chamado processo de “Averiguação Cadastral das Famílias Unipessoais” é indicada a apuração de cadastros entre novembro de 2021 a outubro de 2022.

Conforme traz o colunista, em apenas 11 meses aumentou-se em 5 milhões o número de cadastros com apenas uma pessoa. A suspeita é de desmembramento de núcleo familiares que já compunham o CadÚnico com o objetivo de recebimento de mais de um benefício.

Como traz o texto, o governo Bolsonaro não tomou nenhuma medida para combater o crescimento das irregularidades – mesmo alertado por gestores municipais – até a concretização do segundo turno. No período, o ex-capitão visou a reeleição com o aumento discricionário de benefícios sociais e desonerações de impostos em diversas cadeiras produtivas sob o risco de deixar o país em déficit fiscal, fato que se concretizou ao final do ano.