Araras Vermelhas está entre melhores livros de 2022
Poema sobre a Guerrilha do Araguaia é destacado na crítica literária pelo tema e pela reconstrução do romance de cordel
Publicado 28/12/2022 16:16 | Editado 29/12/2022 14:47
O poema Araras Vermelhas (Companhia das Letras), de Cida Pedrosa, está entre as trinta menções feitas por seis críticos literários como um dos melhores livros de 2022. A lista foi divulgada pela Folha de S. Paulo. O livro sobre a Guerrilha do Araguaia é o primeiro mencionado na reportagem.
O livro foi citado pelo professor de Teoria Literária da Unicamp, Alcir Pécora. Ele o qualifica como um “destaque em poesia nacional”. “Apresenta algum esquematismo histórico e de composição, mas tem o duplo mérito de relembrar os crimes da repressão da Guerrilha do Araguaia, ainda hoje sem punição, e de reconstruir formas do romance de cordel”, justificou.
Os profissionais escolheram entre lançamentos do ano, entre ficção ou não ficção de qualquer gênero, formato ou nacionalidade. Houve apenas uma repetição entre os mencionados, para a obra de Saidiya Hartman, Vidas Rebeldes, Belos Experimentos (Fósforo), que explora a busca pela beleza negra entre mulheres.
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Há livros de 20 editoras diferentes contemplados entre romances, ensaios, poemas, apanhados históricos, filosóficos, biográficos —e algumas obras inclassificáveis. Nove obras da lista, no mínimo, tratam diretamente dos temas do racismo e da existência negra no mundo, um indicativo interessante de tendência literária na atualidade. Outras obras mergulham na experiência de ser mulher.
Foram citados ainda:
Cartas da África – Registro de Correspondência, 1891-1893, por André Rebouças, org. Hebe Mattos, Chão Editora;
A Elite nos Bastidores do Modernismo Paulista/O Filósofo da Malta, por Couto de Barros, org. Maria Eugenia Boaventura, Ateliê Editorial e Editora da Unicamp;
[Romance Policial], por Joaci Pereira Furtado, Giostri Editora;
A Substituição, por Kenzaburo Oe, Estação Liberdade, trad. Jefferson José Teixeira;
Do Transe à Vertigem, por Rodrigo Nunes, Ubu;
Fim de Verão, por Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras;
Homo Modernus, por Denise Ferreira da Silva, Cobogó, trad. Jess Oliveira e Pedro Daher;
Noite no Paraíso, por Lucia Berlin, Companhia das Letras, trad. Sonia Moreira;
Sátántangó, por László Krasznahorkai, Companhia das Letras, trad. Paulo Schiller,
A Água É uma Máquina do Tempo, por Aline Motta, Fósforo e Luna Parque;
Assata: Uma Autobiografia, por Assata Shakur, Pallas, trad. Carla Branco;
Pesado, por Kiese Laymon, Dublinense, trad. Davi Boaventura;
Todo o Tempo que Existe, por Adriana Lisboa, Relicário;
Agora Agora, por Carlos Eduardo Pereira, Todavia;
Dia Um, por Thiago Camelo, Companhia das Letras;
Eros, O Doce-Amargo, por Anne Carson, Bazar do Tempo, trad. Julia Raiz;
Mudar de Ideia, por Aixa de la Cruz, Âyiné, trad. Leticia Mei;
A Previsão do Tempo para Navios, por Rob Packer, Fósforo e Luna Parque;
Instruções para Morder a Palavra Pássaro, por Assionara Souza, Telaranha;
O Manto da Noite, por Carola Saavedra, Companhia das Letras;
Um Mapa para a Porta do Não Retorno: Notas sobre Pertencimento, por Dionne Brand, A Bolha Editora, trad. Jess Oliveira e Floresta;
Solitária, por Eliana Alves Cruz, Companhia das Letras;
Tocar o Terror, por Tatiana Pequeno, Cult Editora;
O Acontecimento, por Annie Ernaux, Fósforo, trad. Isadora de Araújo Pontes;
Diorama, por Carol Bensimon, Companhia das Letras;
Eliete: A Vida Normal, por Dulce Maria Cardoso, Todavia;
Mandíbula, por Mónica Ojeda, Autêntica Contemporânea, trad. Sílvia Massimini Felix.