Unegro-MG elege nova direção; Clauderson Santos é o presidente

12ª Plenária Estadual da Unegro reuniu, de movo vitural, 80 lideranças negras. Atividade aprovou a “Carta de Minas Gerais”.

Cerca de 80 lideranças negras de Minas Gerais participaram neste sábado (3) da 12ª Plenária Estadual da Unegro (União dos Negros e Negras pela Igualdade). Realizada de movo virtual, a atividade aprovou a “Carta de Minas Gerais” e elegeu a diretoria que ficará à frente da Unegro-MG na gestão 2023-2025.

“Com a vitória do Lula na eleição presidencial, vamos construir um novo Brasil, um novo tempo. Precisamos muito que Minas Gerais, com sua força, participe deste momento histórico”, afirmou a presidenta nacional da Unegro, Ângela Guimarães. Ela convidou os participantes da plenária para o 6º Congresso Nacional da Unegro, marcado para os próximos dias 9 e 10 de dezembro.

O ex-deputado federal Wadson Ribeiro, presidente do PCdoB-MG, também marcou presença. “Fico satisfeito de ver esta plenária tão vitoriosa, com gente de várias regiões de Minas. Contem sempre com o PCdoB na luta contra o racismo”, declarou Wadson.

O balanço da atuação da Unegro Minas foi feito por Alexandre Braga, presidente da direção cessante. Ele destacou a inserção e o protagonismo da entidade em vários segmentos nos últimos anos, em especial no meio acadêmico.

A “Carta de Minas Gerais”, aprovada na plenária, destaca os desafios da Unegro em Minas e no Brasil. “A vitória de Lula sobre Bolsonaro, nas eleições presidenciais de 2022, assinala uma ruptura em favor da democracia, da vida, da valorização do povo brasileiro, da retomada de direitos e da igualdade”, indica o texto. “A perspectiva de avanços em políticas públicas favorece e estimula a atuação dos movimentos organizados, como a Unegro.”

Em Minas Gerais, a tarefa central é “enfrentar o governo neoliberal e antipopular de Romeu Zema (Novo), que foi reeleito. Sua gestão reduziu a Igualdade Racial a uma subsecretaria e negligenciou o Conepir (Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial)”.

Já a direção eleita da Unegro Minas faz uma aposta na renovação, a começar pelo novo presidente estadual, Clauderson Santos, o “Black”, que tem 27 anos. Ele vai suceder Alexandre Braga, que passa a ocupar a Diretoria de Políticas Públicas. A vice-presidenta será Maria Clarice Couto, a Kaia.  

Clauderson Santos, o “Black”, presidente eleito da Unegro-MG

Clauderson foi dirigente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), conselheiro nacional de Juventude e presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Belo Horizonte. Militante do movimento negro desde 2011, é o atual secretário nacional de Juventude da Unegro. Ele também é membro da direção do PCdoB Poços de Caldas e do PCdoB-MG.

“Nossa gestão será marcada pela unidade e por muita luta. Temos de aproveitar a avenida a ser aberta pelo futuro governo Lula para pavimentar esse caminho e conquistar mais políticas públicas”, diz Clauderson. “Em Minas, além de enfrentar a ofensiva privatista do governo Zema, vamos lutar contra o desmonte da área de Igualdade Racial.”

Leia abaixo a Carta aprovada na Plenária Estadual da Unegro.

CARTA DE MINAS GERAIS

A Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade), fundada simbolicamente numa biblioteca pública de Salvador (BA), em julho de 1988, completou 34 anos em 2022. Todos os avanços na luta antirracista neste período contaram com a firme e decisiva contribuição de nossa entidade – dos debates que culminaram na Constituição de 1988 até a resistência ao governo genocida de Jair Bolsonaro, passando por marcos como o Estatuto da Igualdade Racial e as leis de cotas (em universidades e concursos públicos federais). Sem contar nossa participação nos governos democráticos de Lula e Dilma Rousseff, especialmente na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

Nos últimos quatro anos, os inúmeros ataques do bolsonarismo à causa da igualdade racial resultaram em retrocessos e perda de direitos. Instituições como a Fundação Cultural Palmares foram deturpadas por uma visão elitista, racista e conservadora. A própria pasta da Igualdade Racial foi esvaziada. Não houve mais participação social nem diálogo da sociedade civil com o governo federal. As comunidades quilombolas foram abandonadas, e o genocídio da população negra se agravou.

Mas a vitória de Lula sobre Bolsonaro, nas eleições presidenciais de 2022, assinala uma ruptura em favor da democracia, da vida, da valorização do povo brasileiro, da retomada de direitos e da igualdade. Na campanha, Lula acolheu, reiteradas vezes, a pauta do movimento negro. O presidente eleito se comprometeu em recriar a Seppir com status de ministério, reorganizar o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e retomar as Conferências Nacionais. A saúde da população negra também terá atenção especial. Da mesma maneira, a luta indígena será fortalecida com a criação do Ministério dos Povos Originários.

A perspectiva de avanços em políticas públicas favorece e estimula a atuação dos movimentos organizados, como a Unegro. No âmbito do governo Lula – a começar pelo Gabinete de Transição –, essa atuação precisa ser transversal, com a participação de mais negros(as) e indígenas em instâncias e áreas relevantes

Em Minas Gerais, onde 55% da população tem cor parda ou preta, nosso desafio é enfrentar o governo neoliberal e antipopular de Romeu Zema (Novo), que foi reeleito. Sua gestão reduziu a Igualdade Racial a uma subsecretaria e negligenciou o Conepir (Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial).

Seja no Brasil, seja em Minas, a Unegro estará à altura de cada tarefa em defesa dos direitos do povo negro, quilombola e indígena, contra a discriminação e pela igualdade racial. As pautas históricas do movimento negro devem necessariamente estar articuladas a um projeto de desenvolvimento nacional e estadual, com retomada do crescimento econômico, geração de emprego e renda, inclusão e oportunidades. 

A Unegro Minas realiza esta 12ª Plenária Estadual nos marcos do Congresso Nacional União de Negras e Negros pela Igualdade. Que tenhamos protagonismo na construção e no fortalecimento das lutas sociais, antirracistas, anticapitalistas e antifascistas. Que a Unegro se enraíze Minas adentro, organize bases e forme lideranças, dialogue mais com a população, participe de conselhos e outros espaços, mantenha-se na busca da frente ampla e seja um ator político influente. Que também cuidemos de nossa entidade – na organização, nas finanças, na formação e na comunicação –, visando uma crescente estruturação e cada vez mais autonomia frente às adversidades.

Viva a luta antirracista e a causa da igualdade racial!

Por uma Unegro forte, viva, combativa e transformadora!

Minas Gerais, 3 de dezembro de 2022

A 12ª Plenária Estadual da Unegro Minas

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