Lula anuncia que ministeriáveis serão conhecidos após a sua diplomação
Em coletiva de imprensa, o presidente eleito disse que só apresentará o novo ministério após diplomação. Mas adiantou que montará os ministérios como foi em seu segundo mandato.
Publicado 02/12/2022 15:36 | Editado 03/12/2022 11:38
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que só irá confirmar os nomes para compor os ministérios do seu futuro governo após sua diplomação como presidente da República, marcada para o próximo dia 12 de dezembro. Lula participou de coletiva de imprensa nesta sexta-feira (2), na sede do CCBB, em Brasília.
“Só depois que eu for presidente da República, diplomado e reconhecido, que irei anunciar o ministério”, disse ele.
No início da coletiva, o presidente afirmou que não escolheu os ministros ainda, que está num processo de conversas com todas as forças políticas, com partidos que têm importância no Congresso Nacional, com deputados e senadores que venceram as eleições para o próximo mandato legislativo. “A gente tem que conversar com os parlamentares para que a gente consiga fazer as mudanças que precisamos”, disse.
Segundo o presidente eleito, as conversações com partidos políticos continuarão na próxima semana, além de outros segmentos da sociedade. Explicou ainda que está aguardando o gabinete de transição terminar o processo de entrega dos relatórios de cada área para ter um diagnóstico de como se encontra o país.
Segundo ele, a equipe está realizando “um trabalho minucioso, com pessoas muito representativas e responsáveis”. Mesmo com as informações parciais da situação do Brasil, Lula ressaltou o seu compromisso de fazer com que o país volte a crescer, gerar emprego e aumentar a produção de alimentos, “principalmente os alimentos básicos”.
Pressionado pela imprensa sobre a composição de seus ministérios, Lula adiantou que tem na cabeça 80% dos nomes dos ministeriáveis, mas que não adiantará nada ainda. E pediu para os jornalistas não sofrerem com isso ou criarem expectativas.
Lula adiantou que a base do seu ministério será construída a partir do que teve em seu segundo mandato como presidente, acrescida do Ministério dos Povos Originários. Mas que ainda não definiu se terá status de Ministério ou se será uma secretaria especial ligada à presidência da República.
“Vamos discutir com os companheiros, conversar com as comunidades indígenas porque a gente precisa respeitar a opinião deles. Acho que eles são pessoas extremamente importantes e necessárias para cuidar da nossa floresta e da questão do clima”.
Lula enfatizou que não irá criar um ministério para ele, “mas para as forças políticas que me ajudaram a ganhar as eleições, na medida que eles tiveram coragem de ir para a rua comigo e enfrentar à diversidade que nós enfrentamos. As provocações que nós enfrentamos, porque foi uma eleição muito complicada”.
Para ele, a eleição presidencial foi difícil pelo uso indiscriminado da máquina administrativa e seus recursos. “Eu nunca vi alguém utilizar tanto o aparelho do Estado como foi nas eleições como 2022. Enfrentamos não só uma pessoa, mas o Estado brasileiro e suas intuições para evitar que o atual presidente perdesse as eleições”.
O presidente eleito reafirmou ainda o seu compromisso, não só com a parte dos brasileiros que o ajudou a eleger, mas com todos os brasileiros. “Temos um compromisso não só com uma parte da sociedade. Vamos governar para os mais de 200 milhões de habitantes e não só para os que nos ajudaram a vencer”,
Lula completou que logo após a diplomação falará continuamente com a imprensa, “porque é preciso passar todas as informações para o povo brasileiro”.
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“Nós estamos com a convicção que o povo vai voltar a sorrir, as pessoas vão voltar a ser cidadãos livres, sem medo de milicianos, sem medo de ataques como a gente tem visto acontecer todo o santo dia”, completou.
Sobre o Auxílio Brasil, Lula foi perguntado sobre a informação do atual governo de cancelar esse benefício nos meses de janeiro e fevereiro do próximo ano e deixará uma bomba armada para o futuro governo.
O presidente eleito respondeu que “se tiver uma bomba armada somos especialistas em desarmar bomba”. Todas as pessoas que necessitam e que receberam o auxílio vão receber, afirmou Lula. “É importante que o Estado faça a transferência de renda, para quem mais necessita” e citou os casos conhecidos de pessoas com poder aquisitivo alto que receberam o auxílio do governo Bolsonaro.
“Há uma série de tentativas de não deixar nada para nós”, disse Lula, “mas nós vamos desarmar todas as bombas”.
“PEC do Bolsonaro”
O presidente eleito disse que está convicto da aprovação da PEC do Bolsa Família. Ele ironizou dizendo que essa PEC não é do Lula, é a PEC do Bolsonaro, que não deixou recursos suficientes para ajuda financeira aos mais necessitados para o próximo ano. “Vamos conseguir aprovar a PEC para que a gente possa governar esse país e fazer o tipo de governo que pretendemos”.
Crescimento do PIB
O presidente eleito afirmou ainda que o crescimento econômico será compartilhado com a população brasileira. Segundo ele, trabalhadores e aposentados que ganham o salário mínimo terão aumento real todos os anos. “Eu ganhei as eleições para governar para o povo mais humilde desse país”, afirmou.
“Nós vamos dizer aos trabalhadores: todo ano haverá aumento real para os trabalhadores que ganham o mínimo e para aos aposentados. O crescimento do PIB será repartido entre a sociedade. É importante entender isso. Não adianta o PIB crescer 10% e o povo não participar desse crescimento”, disse ele aos jornalistas. “Aliás, o povo participa do crescimento do PIB. Mas, para comer, o que esse PIB permite, o povo não participa. Nós queremos que o povo participe. Então, vai ser assim. Na hora que o PIB crescer, o povo receberá parte desse crescimento”, completou.
Conversa com presidente dos EUA
Ao ser questionado sobre como será sua conversa com o presidente dos EUA, Joe Biden, Lula disse que conversará só após a sua diplomação. Segundo o presidente eleito, receberá na próxima segunda-feira um representante para discutir a data. “Não posso viajar antes da diplomação”.
O presidente Lula disse que os dois presidentes têm muita coisa para conversar, por exemplo, citou que os EUA padecem de uma necessidade democrática tanto quanto o Brasil. “O estrago que o Trump fez na democracia americana, é o mesmo estrago que Bolsonaro fez aqui. O pensamento do Trump, o comportamento dele é o mesmo do nosso presidente aqui”.
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Outros assuntos que devem estar pauta nessa reunião, enumerou Lula, “como política, a relação do Brasil com os EUA, o papel do Brasil na geopolítica mundial, sobre a guerra na Ucrânia, que não há necessidade de ter guerra, entre outros”, completou o presidente.
Volta à normalidade das instituições
A volta à normalidade, com instituições respeitadas e atuando no âmbito de suas competências, é outra garantia afirmada pelo presidente eleito. “Uma das coisas que eu quero fazer no Brasil é fazer o Brasil voltar à normalidade. Significa que o Judiciário julga, Legislativo legisla e Executivo executa. Se cada um de nós cumprir com a nossa função, esse país volta à normalidade e volta a ter paz.”
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