Deputados querem CPI para investigar mortes de Bruno e Dom no Amazonas

A comissão externa da Câmara dos Deputados que investiga as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips, na região do Vale do Javari, no Amazonas, aprovou nesta quarta-feira (30) o relatório final no qual sugere a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a fim de aprofundar as investigações.

A relatora da comissão externa, deputada Vivi Reis (PSOL-PA), diz que o grupo não tem o mesmo poder de investigação de uma CPI. Por isso, foi proposto no documento a criação do colegiado.

Os deputados também pedem o imediato afastamento do cargo do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier.

Contra o presidente do órgão, o relatório recomenda ainda ao Ministério Público Federal (MPF) a abertura de investigação pelo crime de prevaricação, pois na função não garantiu a segurança de indígenas e servidores que atuam na região.

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Ao longo de cinco meses, a comissão externa realizou diligência no local, audiências abertas, reuniões técnicas e encontros com familiares do indigenista e do jornalista.

“A Comissão coloca, como conclusão, a necessidade de aprofundar as investigações, inclusive com a indicação de uma CPI, que seria necessária para apurar responsabilidades também do Estado nessa região”, disse o deputado José Ricardo (PT-AM), integrante do colegiado.

Além disso, o parlamentar destacou o pedido de segurança para quem está trabalhando na região e para os próprios indigenistas e suas lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que continuam ameaçados.

“É necessária a proteção. Isso foi solicitado através da indicação junto ao Ministério da Justiça, Polícia Federal (PF). Além disso, é necessário combater a criminalidade que está instalada nessa região. Isso também já foi solicitado junto ao Ministério da Justiça”, explicou.

O deputado, que faz parte da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diz que o grupo está esperançoso com o novo governo no sentido da criação do Ministério dos Povos Originários e o fortalecimento das instituições públicas no Vale do Javari.

“Não só na região do Vale do Javari, mas também em toda a Amazônia, onde outros povos indígenas também se sentem ameaçados por uma série de interesses predatórios”, completou.

O caso

Bruno Pereira, funcionário licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês, colaborador do The Guardian, foram assassinados no dia 5 de junho, em Atalaia do Norte, no oeste do Amazonas.

Eles voltavam de uma excursão no Vale do Javari, região do estado com maior população de isolados do planeta, quando foram vítimas de uma emboscada feita por pescadores ilegais.

Foram presos como autores do crime Amarildo da Costa Pereira, conhecido como Pelado, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos.

Também foi preso o comerciante conhecido como “Colômbia”, suspeito de financiar pesca ilegal na região e ser o mandante dos assassinatos.