Bolsonaro proíbe contato de comandantes militares com equipe de Lula

“A verdade é que a determinação de Bolsonaro está causando grande constrangimento nas Forças Armadas”, escreve o jornalista Tales Faria

O presidente Jair Bolsonaro (PL) está usando as Forças Armadas à margem da lei para sabotar a transição de seu governo para a futura gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o jornalista Tales Faria, colunista do UOL, “Bolsonaro proibiu os comandantes militares de tratarem com interlocutores do Lula sobre transição e nomes para substituí-los”.

Esta é a razão pela qual a Defesa se tornou a única área em que o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da transição, ainda não indicou nem mesmo nomes para compor o grupo temático (GT). Conforme escreve Tales, o impasse se deve a “um motivo muito simples: falta interlocutor”.

Nesta sexta-feira (18), o governo eleito reforçou que o titular da Defesa não será um militar. “O presidente (Lula) já disse isso publicamente”, afirmou Aloizio Mercadante, coordenador dos grupos técnicos do governo de transição. “O ministro da Defesa será um civil. Foi (assim) no governo dele e será.”

De acordo com Tales Faria, a posição bolsonarista – de restringir o acesso da equipe de Lula à cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica – não tem apoio nem mesmo dos militares. Após o relatório do Ministério da Defesa que não apontou irregularidades no sistema eleitoral, há margem diminuta para aventuras golpistas.

“A verdade é que a determinação de Bolsonaro está causando grande constrangimento nas Forças Armadas”, conclui Tales Faria. “Os militares não querem afrontar uma ordem direta do ainda presidente, mas entendem que têm que preparar a transição na sua área de forma menos traumática possível.”

Autor