Flip volta a Paraty com lançamento de Araras Vermelhas, de Cida Pedrosa

Poema sobre a Guerrilha do Araguaia se soma à bibliografia premiada da autora pernambucana.

A poeta nordestina Cida Pedrosa lança seu livro, Araras Vermelhas (Companhia das Letras) na 20ª Festa Literária Internacional de Paraty – a Flip 2022 –, que ocorre de 23 a 27 de novembro. Depois de duas edições híbridas, devido à pandemia de Covid-19, a Flip estará de volta às ruas da cidade fluminense de Paraty.

Segundo os organizadores, neste ano a Festa vai celebrar não apenas o próximo lançamento de Cida Pedrosa – mas também sua história. Natural de Bodocó (PE), a poeta “é conhecida tanto por sua trajetória política como literária, para ela, indissociáveis”, conforme ressalta o texto de apresentação da Flip.

Além da atuação parlamentar como vereadora, Cida, militante dos direitos humanos, também tem experiência no Poder Executivo – ela foi secretária municipal do Meio Ambiente e da Mulher no Recife. Sua produção literária está em permanente destaque. Em 2020, com Solo para Vialejo (Cepe Editora), a autora venceu dois prêmios Jabuti – melhor “livro de poesia” e “livro do ano”.

Araras Vermelhas é um olhar comovente sobre os eventos que moldaram a história recente do Brasil por uma das vozes mais aclamadas da poesia contemporânea.

Neste longo e envolvente poema, a autora narra com seu olhar e precisão das palavras cenas da Guerrilha do Araguaia. Ao entrelaçar memórias pessoais, acontecimentos históricos e referências culturais das décadas de 1960 e 1970, Cida Pedrosa constrói um retrato brutal do autoritarismo e da violência do Estado — mas revela também uma inabalável esperança em construir outro futuro.

Ouça trecho do poema durante Reunião do Comitê Central do PCdoB por ocasião da celebração do centenário do Partido em Niterói, em 25 de março de 2022. A Guerrilha do Araguaia completou 50 anos do início dos combates em 12 de abril de 2022:

Para o poeta Edimilson de Almeida Pereira, que assina a orelha do volume, “Cida Pedrosa responde às ruínas da história com um poema-mundo que, movido pela utopia de falar a todos sobre tudo, exorciza o horror e se ancora firmemente, como testemunha a poeta, numa ‘esperança andarilha’”.

“A obra e a trajetória de Cida Pedrosa colocam em pauta novas centralidades em um país tão diverso culturalmente – mas ainda tão desigual no sentido das representações”, diz Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip. “Sua poesia mostra uma das grandes funções sociais da literatura: a potência do exercício de criar e pensar.”

Para Fernanda Bastos, uma das curadoras da Flip 2022, “Cida Pedrosa carrega, junto com a poesia, uma postura ética com relação à literatura e com a sua gente, do Sertão, do Brasil, de todo lugar. A poesia da autora é um canto de esperança”. Outro curador, Pedro Meira Monteiro, acrescenta: “A poesia de Cida Pedrosa é um encanto e uma surpresa: telúrica e sonora, ao lê-la parece que estamos sempre ouvindo algum som distante, cheio de significação. É como se o mundo se fizesse canto”.

Sobre a autora

Cida Pedrosa com o livro do ano do Prêmio Jabuti, em 2020

Cida Pedrosa saiu de Bodocó para o Recife em 1978, onde se consolidou como poeta. Ainda adolescente, em 1980, integrou o Movimento dos Escritores Independentes (MEIPE) e dois anos depois publicou o primeiro de seus dez livros, Restos do Fim (1982). Depois vieram O cavaleiro da Epifania (1986); Cântaro (2000); Gume (2005); As filhas de Lilith (2009); Miúdos (2011); Claranã (2015); Gris (2018); Solo para Vialejo (2019) e o e-book, Estesia (2020).

Formada em Direito, Cida Pedrosa se engajou cedo na luta em defesa dos direitos humanos e, em 1995, ingressou na gestão pública, sendo eleita vereadora pelo PCdoB em 2020, mesmo ano em que ‘Solo para Vialejo’ saiu vencedor nas categorias Poesia e Livro do Ano no Prêmio Jabuti. Segundo ela, sua escrita tem função social.

Araras vermelhas, Cida Pedrosa

Número de páginas: 144

Preço: R$ 64,90 | E-book: R$: 37,90

Lançamento: 11/11/22

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