MPF abre investigação contra Piquet por incitação à morte de Lula
Para o Ministério Público Federal, declarações feitas pelo ex-piloto são “formas concretas de incitação dirigida à população em geral” e não mera expressão de opinião
Publicado 04/11/2022 14:45 | Editado 04/11/2022 15:28
O bolsonarista Nelson Piquet será investigado após pedido feito pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira (3) devido às suas declarações, gravadas em vídeo na qual o ex-piloto xinga e sugere a morte do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o órgão, as falas podem levar à “incitação pública a crime”, bem como à animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constituídos.
O procedimento foi aberto após representação recebida pelo órgão contendo o vídeo que circula pelas redes sociais no qual Piquet diz: “Vamos botar esse Lula filho de uma p.. para fora”, repetindo ainda o lema de Bolsonaro, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Depois, acrescenta: “E o Lula lá no cemitério”.
“Para o MPF, as declarações de Nelson Piquet aparentam não se limitar a meras expressões de opinião a respeito do governo eleito, mas como formas concretas de incitação dirigida à população em geral. Foram ditas em gravação realizada em público e durante atos com milhares de pessoas, evidenciando-se a ciência de que viriam a ser difundidas ou divulgadas”, aponta o Ministério Público.
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O documento ressalta ainda que Nelson Piquet “é pessoa de notoriedade pública e que, por isso, deveria saber que suas declarações têm o potencial de alcançar centenas de milhares de pessoas. A manifestação relatada aconteceu em meio a participantes que de fato demandavam a não admissão do governo eleito, inclusive com pedidos de intervenção das Forças Armadas”.
Conforme os procedimentos usuais em casos como este, o ex-piloto será chamado para oitiva na Polícia Federal, assim como a pessoa que gravou o vídeo.
Nelson Piquet é bolsonarista notório e além de apoiar o presidente publicamente, durante o período eleitoral doou R$ 501 mil à campanha de Bolsonaro, além de outros R$ 200 mil ao PL.