PEC pode garantir auxílio de R$ 600 e aumento real do salário mínimo

Batizada de “PEC da Transição”, medida garantiria que as despesas adicionais para bancar compromissos de Lula fiquem de fora do teto de gastos

Primeira reunião entre a equipe de transição de Lula e o relator Marcelo Castro (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Terminou em consenso a primeira reunião entre a equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o relator do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). Os participantes da reunião, realizada na manhã desta quinta-feira (3), em Brasília, concordaram em apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que inclua as principais promessas econômicas feitas por Lula na campanha eleitoral.

Batizada de “PEC da Transição”, a medida garantiria que as despesas adicionais para bancar esses compromissos fiquem de fora do teto de gastos. Entre as promessas, está a manutenção em R$ 600 do valor do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família), aumento real (acima da inflação) do salário mínimo e a recomposição do Farmácia Popular.

A peça orçamentária que o governo Jair Bolsonaro (PL) encaminhou em agosto para o Congresso contempla apenas parcialmente essas iniciativas. Caberá aos parlamentares da atual legislatura definir os rumos do Orçamento 2023. A PEC, para sair do papel, precisa ser votada em dois turnos em cada uma das casas do Congresso – a Câmara e o Senado. Sua aprovação demanda três quintos de votos dos deputados (308 de 513) e dos senadores (49 de 81).

 “Não tem recurso (no Ploa) para Bolsa Família, para o Farmácia Popular, para saúde indígena, para merenda escolar. São muitas as deficiências que temos que trabalhar no Orçamento”, declarou Castro à imprensa após a reunião. “Chegamos a um entendimento com o governo eleito. Não cabe no Orçamento atual as demandas do que precisamos atender. Diante disso, levaremos a ideia de aprovar uma PEC em caráter emergencial excepcionalizando do teto de gastos despesas inadiáveis.”

O responsável da equipe de Lula para negociar o orçamento é o ex-governador Wellington Dias (PT-PI), que se elegeu senador em 2 de outubro. Conforme Dias, “o caminho apresentado vai em duas direções: vai continuar tramitando a Lei Orçamentária e, ao mesmo tempo, a PEC que cria excepcionalidade para o auxílio”.

Segundo o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da equipe de transição, o valor que ficará fora do teto só vai ser discutido “na próxima semana”, quando as partes voltarem a se reunir. “Combinamos de na próxima terça-feira nos encontrarmos novamente para detalharmos as necessidades”, disse. “Vamos ter segunda reunião com o presidente Lula para definir os números.”

Pautas como isenção do imposto de renda e orçamento secreto não foram discutidas. Em contrapartida, foi manifestada a preocupação em evitar a interrupção de obras e serviços por falta de previsão orçamentária. A PEC deve der apresentada já na terça-feira (8).

De acordo com o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o relator confirmou que a proposta orçamentária tem muitos “buracos” a serem corrigidos. “Há insuficiência de recursos para moradia, transporte escolar, merenda escolar, farmácia popular, saúde – e o DNIT não tem recursos nem para manutenção das estradas. Tudo isso será avaliado agora.”

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