Liderança do agronegócio no MS, Riedel vence candidato natural de Bolsonaro

Embora Bolsonaro preferisse o Capitão Contar (PRTB), o avanço de Riedel acabou atraindo seu apoio. O tucano representa a elite do agronegócio sul matogrossense.

Riedel disputou o apoio de Bolsonaro com Capitão Contar

Com 91,35% das urnas apuradas, o ex-secretário de Infraestrutura do governo tucano do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) foi eleito governador com pelo menos 56,41% dos votos neste domingo (30). A apuração ocorreu em pouco mais de uma hora e superou previsão do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul). Embora seja uma liderança conservadora do agronegócio, Riedel não era o candidato natural de Jair Bolsonaro, que preferia o Capitão Contar (PRTB). Apoiador de Bolsonaro, um dos slogans da campanha de Contar era “Capitão lá, Capitão cá”. 

Riedel contou com a ex-ministra do governo, Tereza Cristina, e a ex-candidata à presidência, Simone Tebet, na sua lista de apoiadores, mas, apesar do Partido Liberal ter feito parte da coligação com o PSDB no estado, o apoio de Bolsonaro não veio. Havia uma disputa entre os dois candidatos pelo apio de Bolsonaro. Depois de muita pressão, Jair Bolsonaro declarou neutralidade para a disputa no Estado. Lula não declarou apoio para nenhum dos candidatos e ambos os candidatos estavam rigorosamente empatados nas pesquisas, com 45% da intenção de votos.

A decisão do presidente foi parar na Justiça, já que, Bolsonaro disse de modo informal que o seu candidato no Mato Grosso do Sul era Contar. No último debate à Presidência, antes do primeiro turno, Bolsonaro, provocado por Soraya Thronicke, admitiu o apoio. Uma semana depois, a coligação de Riedel entrou com recurso na Justiça Eleitoral para impedir a veiculação das imagens. 

Tucanato agrícola

Pela primeira vez disputando um cargo eletivo, o tucano assumirá a continuidade do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) nos próximos quatro anos. Antes, o Mato Grosso do Sul era governado pelo PSDB, mas chegou a ser governador pelo PT.

Depois de ficar em segundo lugar no primeiro turno, com 361.981 votos, ou seja 25,16% do total, o então candidato se empenhou em ampliar ainda mais o arco de aliados para chegar até a vitória. Conseguiu o apoio de 76 prefeitos dos 79 municípios do Estado após ter participado ativamente do programa Governo Presente, que atendeu as demandas dos gestores durante seu trabalho de municipalismo na administração de Azambuja.

O tucano foi o único a participar de todos os debates no segundo turno, que na maioria acabaram se transformando em sabatina, já que o adversário deputado estadual Renan Contar (PRTB) não compareceu. Riedel aproveitou cada oportunidade de falar por meio da imprensa seu projeto de plano de governo.

Amiga pessoal, a ministra Tereza Cristina, graças ao meio do agronegócio que ambos fazem parte, ele acabou conseguindo um relutante apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) e também formou a maior coligação de partidos durante a eleição. A Coligação Trabalhando por um Novo Futuro (PSDB/CIDADANIA / REPUBLICANOS / PP / PSB / PL / PDT), completa a chapa com o nome do deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), como vice-governador.

Perfil

Eduardo Riedel nasceu em 5 de julho de 1969. É carioca e filho do meio da tradicional família Corrêa de Maracaju, proprietária da Sapé Agro, empresa agropecuária.

Riedel se formou em Ciências Biológicas na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e posteriormente mudou-se para fazer mestrado em Zootecnia na Unesp ( Universidade Estadual Paulista), campus Jaboticabal. Também é Pós-graduado em Gestão Empresarial pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e Pós-graduado em Gestão Estratégica pelo Instituto Francês INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas),  em Fontainebleau, na França.

Em 1995, Riedel assumiu a gestão da propriedade rural da família, em Maracaju. Com foco na gestão e na tecnologia, mudou o perfil produtivo da Fazenda Sapé – tornando-a referência em governança familiar, sustentabilidade e diversificação. Riedel presidiu o Sindicato Rural de Maracaju em 1999.

Missão que levou a ganhar a credibilidade da classe produtora do Estado para assumir a vice-presidência da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), em 2006. A partir de 2010 assumiu o comando interinamente e concluiu mandato como diretor-presidente de 2012 a 2014.

Como presidente da Famasul, respondeu pela participação da entidade no colegiado de 75 órgãos, entre câmaras setoriais, comissões estaduais e nacionais, comitês gestores e conselhos. Em 2011 assumiu como diretor vice-presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Participou também do Conselho Nacional de Política Agrícola, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), e a Câmara Setorial Consultiva de Logística de Armazenagem e Transporte, ligada à Seprotur (Secretaria de Produção e Turismo de MS). A Federação representa 68 sindicatos empresariais rurais. Paralelamente, entre os anos de 2011 a 2014, foi presidente do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/MS.

Em 2015, Riedel foi convidado a assumir a secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica, na posse do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Pasta que permaneceu durante parte do segundo mandato tucano.

A última missão antes de sair da administração para disputar a eleição foi comandar a pasta de Infraestrutura, responsável pelas entregas de obras da gestão.

Com informações da imprensa regional

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