Bolsonaro reeleito causaria explosão de desmatamento na Amazônia

Nessa hipótese, pesquisadores alertam que a devastação da floresta chegaria a taxa de 20 mil km² já em 2024

Area de desmatamento e queimda e vista as margens da rodovia BR 230 no municipio de Apui, Amazonas. Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real.

A pedido da Folha de S.Paulo, um grupo de pesquisadores liderados por Gilberto Câmara, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), prevê uma explosão de desmatamento na Amazônia com reeleição de Bolsonaro. Nessa hipótese, a equipe alerta que a devastação da floresta chegaria a taxa de 20 mil km² já em 2024, índice só alcançado em 2005.

Bolsonaro recebeu uma taxa de desmatamento de 7,5 mil km² e, no ano passado, a mesma explodiu para 13 mil km², ou seja, um crescimento de 73%. Neste ano, a taxa de desmatamento continuou crescendo e a tendência é piorar ainda mais.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores dizem que há “ausência de sinalização de que essa política possa mudar em um eventual segundo mandato”. Com isso, fizeram uma estimativa de crescimento linear do desmatamento, semelhante ao que ocorreu nos últimos três anos, entre 15% e 20% por ano. Além da modelagem numérica, os estudos apontam estimativas espaciais onde o desmatamento deve ocorrer.

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Os dados permitem aos cientistas concluírem que o desmatamento pode ultrapassar no final de um segundo mandato, em 2026, 27 mil km², o equivalente à área do estado de Alagoas, ou a 18 vezes à da cidade de São Paulo.

Por meio do sistema de modelagem espacial dinâmica LuccME/TerraMEm do Inpe, que considera dados biofísicos e socioeconômicos, o mapa gerado prevê intensificação no desmatamento na região conhecida como Amacro (na fronteira entre o sul do Amazonas, leste do Acre e nordeste de Rondônia).

O avanço do desmatamento nessa região, de acordo com os cientistas, deve-se a expansão da fronteira do agronegócio e da expectativa de asfaltamento da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

“Nos últimos cinco anos essa região concentrou 77% do desmatamento de Rondônia, 63% dos cortes no Acre e 82% dos cortes no Amazonas. O estado é agora o segundo que mais desmata. Essa região, relativamente preservada até meados da década de 2010, hoje está sob controle de grileiros organizados, que ocupam terras públicas não destinadas sem qualquer controle do Estado brasileiro”, afirmou Gilberto Câmara.

“Caso o processo de ocupação na região Amacro não seja imediatamente contido com forte ação de comando e controle no próximo governo, parte importante da Amazônia será destruída”, alertou ainda o pesquisador.

Com informações da Folha de S.Paulo

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