Governo de Bolsonaro leite de quem mais precisa
Em 2022, corte na doação de leite a famílias em situação de miséria no Nordeste e Minas Gerais foi de 87%.
Publicado 22/10/2022 10:14 | Editado 24/10/2022 14:34
Em mais um ato de descaso com a vida da população mais carente, o governo Jair Bolsonaro (PL) reduziu em 87%, neste ano, a distribuição de leite a famílias em extrema pobreza, feita por meio do programa Alimenta Brasil (antigo Programa de Aquisição e Alimentos, PAA), na comparação com 2021.
A distribuição é dirigida aos estados abrangidos pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) — os nove do Nordeste, além do norte e nordeste de Minas Gerais. Neste território estão 11 milhões do total de 20 milhões de famílias que recebem o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família).
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Reportagem do portal UOL mostrou que “em agosto deste ano, por exemplo, apenas 54 produtores venderam ao governo um total de 236 mil litros de leite. Para efeito de comparação, em outubro de 2021, eram 4.443 produtores leiteiros que venderam 5,9 milhões de litros de leite. Em janeiro deste ano, nenhum litro de leite foi comprado”. O corte atinge também a merenda das crianças nas escolas públicas e mesmo hospitais.
O momento de maior distribuição de leite por parte do programa ocorreu entre 2011 e 2012, no governo de Dilma Rousseff (PT), quando 28 mil produtores vendiam leite ao governo federal. Para se ter uma ideia do tamanho da redução, neste ano, até agosto, foram usados apenas R$ 7,453 milhões, ante R$ 13,192 milhões em 2021.
Ao UOL, Mallon Aragão, secretário de Agricultura de Itaquitinga (PE), relatou que no município foi preciso cortar o número de pessoas beneficiadas, devido à redução. “É uma contradição porque nós estamos com a pobreza aumentando e estamos precisando mais ainda do leite. Como não temos, atendemos 100 num universo de mais de 3.000 famílias no Cadastro Único, ou seja, quase nada”, declarou.
“É isso o que acontece quando recursos que deveriam ser destinados a programas federais integrados caem e sobe o montante que vai ser distribuído de forma picada e eleitoreira por emendas parlamentares através do orçamento secreto. Dinheiro para o Bolsolão não faltou, mas para o leite das crianças sim”, escreveu o jornalista Leonardo Sakamoto.
(PL)