Em defesa da Educação, estudantes ocupam as ruas contra Bolsonaro
Mais de um milhão de estudantes saíram às ruas em mais de 100 cidades brasileiras contra os cortes no orçamento das universidades e institutos federais
Publicado 19/10/2022 10:48 | Editado 19/10/2022 11:07
Na tarde desta terça-feira (18), estudantes de todo o país foram às ruas contra os recentes cortes de verbas anunciados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e também para dizer ao presidente que “pintou um clima de fim de mandato”. Sob as lideranças da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos) os protestos do “Dia Nacional de Mobilização Fora Bolsonaro”, se espalharam por mais de 100 cidades brasileiras e mobilizaram mais de um milhão de estudantes.
As manifestações são uma reação aos contingenciamentos (bloqueios temporários até que o governo decida se os cortes serão ou não definitivos) no orçamento do Ministério da Educação (MEC) que, no total, chegam a casa dos R$ 2.399 bilhões. Foram R$ 1.340 bilhão entre julho e agosto e mais R$ 1.059 bilhão agora. Devido aos cortes, as universidades e institutos federais correm o risco de ter seu funcionamento atingido, prejudicando milhões de estudantes.
No início deste mês, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) denunciou o bloqueio de R$ 328 milhões nas verbas já previstas para o ano e alertou que o funcionamento das universidades seria inviabilizado caso o entrave fosse mantido. Por conta da denúncia e da pressão política às vésperas do segundo turno, o ministro da Educação, Victor Godoy Veiga recuou e disse que liberaria o orçamento das universidades, mas isso não foi suficiente para brecar a manifestação dos estudantes contra a gestão vergonhosa de Bolsonaro.
Em São Paulo, universitários e secundaristas se reuniram no vão do Masp e saíram em passeata chegando a ocupar totalmente a Avenida Paulista no sentido Consolação. Os estudantes receberam apoio da sociedade civil e entidades que não fazem parte das comunidades estudantis, mas que, ainda assim, se juntaram aos grupos para protestar contra o governo.
“Hoje é fora Bolsonaro, em defesa da democracia, da educação e da ciência e tecnologia”, disse Vinícius Soares, presidente da ANPG.
“O movimento estudantil é o terror de Bolsonaro. A Une, a Ubes e a ANPG sempre estiveram na linha de frente em defesa da educação. A hora do Genocida tá chegando”, disse a presidenta da Une, Bruna Brelaz.
Ela também mandou um recado para o candidato da Coligação Brasil da Esperança, Luis Inácio Lula da Silva. “Presidente Lula, atenção: esse é o recado dos estudantes brasileiros que querem educação de qualidade. Esse é o recado dos estudantes que não aguentam mais o descaso do atual governo com a nossa geração. O nosso sonho de diploma na mão, o nosso sonho de ser o primeiro ou a primeira da família a entrar na universidade, não pode ser negado. Por isso hoje, no dia 18, nós estamos nas ruas com o recado claro pro inimigo número um da educação que é Bolsonaro. Mas no dia 30 de outubro nós vamos te eleger novamente presidente do Brasil.”, enfatizou Bruna que na sequência puxou o coro “Olê Olê Olê Olá, Lula Lula”. Assista abaixo.
Confira abaixo como foi a manifestação dos estudantes nos estados.
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os alunos aprovaram paralisação total das atividades. Além do estado de greve, eles manifestaram apoio a Lula e a Décio Lima (PT), que concorre ao governo do estado.
A paralisação foi aprovada em assembleia do Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos, na sexta (14), e teve como objetivo mobilizar os estudantes para participação no ato de protesto desta terça, que aconteceu em Florianópolis.
Em Brasília, no final da manhã, estudantes marcharam pela Esplanada dos Ministérios e finalizaram o ato em frente à sede do MEC (Ministério da Educação).
Segundo contabilização das entidades, foram registradas ao longo do dia manifestações em cidades várias de 19 estados e no Distrito Federal. Em vários locais havia faixas contra a reeleição de Bolsonaro e de apoio a Lula.