Renildo Calheiros repudia Bolsonaro por mentira contra ele sobre vacina

O presidente mentiu dizendo que emenda do líder do PCdoB liberava a compra de vacina sem autorização da Anvisa.

(Foto: Reprodução)

O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PE), repudiou mais uma mentira dita por Bolsonaro durante debate com o ex-presidente Lula (PT) neste domingo (17). Questionado pelo atraso na compra de vacina, fato revelado pela CPI da Covid, o presidente disse que teria acabado com a comissão caso aceitasse uma proposta de emenda de autoria de Renildo e do senador Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu o colegiado.

Bolsonaro mentiu dizendo que a emenda em questão liberava a compra do imunizante sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Então, digo uma coisa, Senhor Lula, eu poderia ter acabado com a CPI da Covid rapidamente. Sabe como? Se eu acolhesse uma emenda do Senhor Omar Aziz, teu amigo, senador lá do Amazonas, e do irmão do senador Renan Calheiros, Renildo Calheiros. Porque queriam, nessa emenda, a uma medida provisória nossa, que qualquer governador e prefeito que pese grande maioria serem honestos, pudessem comprar vacina em qualquer lugar do mundo sem a certificação da Anvisa e sem a licitação. Seria a festa, a roubalheira maior. E quem pagaria a conta?”, questionou Bolsonaro.

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Com isso, Calheiros diz que Bolsonaro tentou “desesperadamente envolver seu nome no escândalo da Covaxin”.

“Em nenhum momento, a MP e a lei tornam desnecessária a autorização da Anvisa. O Congresso atuou para ampliar as possibilidades de vacinas, diferentemente do Bolsonaro, que dificultou a aquisição de todas as demais vacinas, ignorou todas as ofertas, se posicionou contra a vacinação e somente facilitou e agilizou aquela em que poderia fazer a suas negociatas”, criticou o líder.

“Essas emendas foram apresentadas em 03/02/2021, 17 dias após o início da vacinação, quando a carência de vacinas no país era dramática. Em nenhum momento, a MP e a lei tornam desnecessária a autorização da Anvisa”, explicou Renildo.

Renildo Calheiros (Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara)

A fake news de Bolsonaro contra o líder começou após escândalo da compra superfaturada da vacina indiana Covaxin. O contrato só não foi fechado porque o servidor Luís Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, disse ter sofrido uma “pressão incomum” de outra autoridade da pasta para assinar o contrato com a empresa Precisa Medicamentos, que intermediou o negócio com a Bharat Biotech.

O irmão do servidor, deputado federal Luís Claudio Miranda (DEM-DF), disse na CPI que informou a Bolsonaro a respeito da pressão e o presidente respondeu que acionaria a Polícia Federal (PF), o que não foi feito.

Por meio de carta ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, Bolsonaro disse que a Covaxin tinha sido uma das vacinas “escolhidas”, junto com a AstraZeneca. Na ocasião, o governo já havia ignorado cinco ofertas da Pfizer e quatro do Instituto Butantan.

O governo priorizou a compra de 20 milhões de doses da Covaxin ao preço total de R$ 1,6 bilhão, ou US$ 15 por dose (R$ 80,70). O valor estava bem acima do preço inicialmente previsto pela empresa Bharat Biotech, de US$ 1,34 por dose.

Atraso da vacina

O tema da pandemia foi um dos bons momentos de Lula no debate. O ex-presidente falou sobre a recusa das vacinas da Pfizer, o escândalo de cobrança de propina da Covaxin, a promoção feita por Bolsonaro dos medicamentos ineficazes, a falta de humanidade do presidente que não visitou hospitais, e o deboche feito por ele com as vítimas da doença.

“O Brasil tem 3% da população mundial. E o Brasil teve 11% das mortes da pandemia no mundo. Por que que houve tanta demora para se comprar vacina? O senhor não se sente responsável? O senhor não carrega nas costas um pouco do sofrimento dos brasileiros de ser responsável pelo menos por 400 mil mortes nesse país?”, questionou Lula.

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