Bolsonaro mentiu descaradamente sobre desmatamento na Amazônia

Atual mandatário promoveu uma explosão de desmatamento que chegou a 13 mil km², em 2021

(Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT)

Os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que desde 1988 monitora a taxa de desmatamento na Amazônia, não deixam dúvidas de que Bolsonaro mentiu descaradamente sobre o assunto no debate com o presidente Lula realizado por um pool de emissoras formado por TV Bandeirantes, TV Cultura, Folha de S.Paulo e UOL neste domingo (17).

Na cara dura, o presidente pediu ao telespectador para acessar a busca do google e verificar que a taxa de desmatamento do seu governo foi inferior ao de Lula.

Contudo, os números do Inpe revelam que o ex-presidente recebeu uma taxa de 25,4 mil km² por ano e derrubou para 14 mil Km² em 2006, ou seja, uma redução de 43,7% (ver gráfico).

“No segundo mandato ampliou a queda para 7 mil km² em 2010. No acumulado dos dois mandatos caiu 72%”, observou o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, para quem Lula promoveu uma revolução no enfrentamento do desmatamento e Bolsonaro “provocou o maior retrocesso no combate ao desmatamento desde que começou a ser monitorado”.

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O atual mandatário promoveu uma explosão de desmatamento. Ele recebeu uma taxa de desmatamento de 7,5 mi km² em 2018 e, em 2021, bateu em 13 mil km². “Um crescimento de 73%. Em 2022 continuou crescendo e os números só vão piorar”, alertou Azevedo.

O coordenador do MapBiomas lembrou ainda que no mandato de Dilma Rousseff (PT) a taxa continuou caindo até chegar a 4,6 mil km² em 2012. “Com a aprovação do novo código florestal com uma ampla anistia a desmatamentos ilegais o processo começou a se reverter lentamente e, em 2018, no governo Michel Temer o desmatamento alcançou 7,5 mil km²”, disse.

“Bolsonaro falando sobre desmatamento é o ápice do cinismo. Ele me exonerou pois não gostou que os dados do Inpe estavam apontando aumento do desmatamento!”, afirmou o ex-diretor do Instituto, Ricardo Galvão.

Lula

Portanto, há uma diferença significativa entre os dois governos. Lula pegou um desmatamento recorde e entregou o menor da história. Para isso, investiu na contratação de servidores, aprovou leis específicas e planejou operações de combate as diversas ilegalidades na região.

O ex-presidente tem dado destaque na sua campanha para o tema. De acordo com ele, há 20 anos, o Brasil passou por um forte processo de desmatamento que foi reduzido após ações eficazes do governo.

“Quando nós chegamos ao governo, em 2003, tinha um forte desmatamento no país. Nós levamos dois anos preparando estruturas para que a gente pudesse tomar atitude de proteção ao meio ambiente, e aí nós diminuímos o desmatamento de forma seguida até a gente conseguir reduzir o desmatamento”, disse.

Bolsonaro

Por outro lado, Bolsonaro desmontou todo o amparato de proteção ambiental com a desestruturação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Com um discurso contra a demarcação de terras indígenas, o presidente incentivou a invasão dessas áreas de proteção por madeireiros, traficantes e o garimpo ilegal.

O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o mesmo que defendeu “passar a boiada” na legislação ambiental, pôs fim ao bilionário Fundo Amazônia que promovia projetos de desenvolvimento sustentável na região e de combate aos crimes ambientais.

Países como Alemanha e Noruega suspenderam as doações por não concordarem com a extinção do conselho composto por membros da sociedade que fazia a gestão dos recursos.

Por fim, Bolsonaro pegou um desmatamento pequeno e está entregando nas alturas após desmobilizar operações e perseguir servidores como no caso de Bruno Pereira, ex-funcionário da Funai assassinado no Vale do Javari, no Amazonas. Ele foi afastado do cargo de chefia na Fundação por realizar seu trabalho com bom desempenho.

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