Volta de doenças vacináveis é uma catástrofe causada pelo governo Bolsonaro
Médica sanitarista explica que erradicar doenças é um trabalho prolongado, que se desmonta em apenas alguns meses de governo Bolsonaro.
Publicado 08/10/2022 17:26 | Editado 09/10/2022 12:14
“É uma catástrofe!” Esta foi a qualificação dada pela médica infectologista Helena Petta, ao repercutir ao Portal Vermelho o risco de retorno de doenças erradicadas, que dispõem de vacina para prevenção. Há casos de mortes por meningite registrados e um caso de paralisia infantil sendo investigado no Pará. Enquanto isso, o governo desestimula a vacinação das crianças, ao não fazer campanhas, reduzindo a cerca de 75% a taxa de imunização.
Helena é especialista em saúde pública e coordenou o curso de especialização de Gestão de Situações de Emergências em Saúde Pública, do Projeto Força Nacional do SUS. Ela explicou que, do ponto de vista da saúde pública, demora muitos anos para erradicar as doenças. Um processo prolongado e difícil, que exige muito tempo. No entanto, para as doenças voltarem é questão de meses.
“Isso que o governo tem feito é desmoronar, desconstruir tudo que tem sido feito durante décadas. É um grande absurdo!”, criticou. “Todos os profissionais e estudiosos da saúde pública têm alertado isso, já há algum tempo, e o governo nada fez”, lamentou. A prática negacionista do governo ficou explícita durante a pandemia de covid-19, quando se criou desinformação em torno das vacinas.
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A Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) investiga um caso suspeito de poliomielite em uma criança de três anos. Os primeiros sintomas, incluindo febre, dores musculares, mialgia e paralisia flácida aguda (PFA) surgiram no dia 21 de agosto. Algumas semanas depois, ele perdeu a força nos membros inferiores, sem conseguir se manter em pé.
Corte de recursos no combate à aids
A médica observa que este cenário de baixas coberturas vacinais já vinha sendo previsto e motivo de alerta por profissionais de saúde e estudiosos. “Estamos tendo casos de mortes por meningite, uma doença que tem vacina. No caso da pólio, ainda está em investigação se é uma reintrodução do vírus. Mas a probabilidade dessas doenças voltarem é altíssima”.
Entre as medidas de desmonte que ela aponta no governo, está a inexistência de campanhas de vacinação e o sucateamento do SUS. “Agora, esse corte absurdo em vários programas, entre eles o programa de aids, que sempre foi referência no mundo”.
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O corte milionário de verbas do Ministério da Saúde, promovido pelo governo Bolsonaro para reservar dinheiro ao orçamento secreto, em 2023, atingiu 12 programas da pasta, entre eles o que distribui medicamentos para tratamento de aids, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais, além de programas de saúde indígena.
“Nosso programa de tratamento de aids vai sofrer uma queda absurdo nesses corte nos recursos. Pode ter maior número de casos de aids e a volta de doenças que acompanham os quadros de HIV, quando não tratados”, alertou.
Se somadas, as perdas de recursos nos 12 programas chegam a R$ 3,3 bilhões. O “Atendimento à População para Prevenção, Controle e Tratamento de HIV/AIDS, outras Infecções Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais Total” faz parte da assistência farmacêutica no SUS.
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O dinheiro banca a compra, a produção e distribuição de medicamentos voltados para o tratamento de pessoas com HIV, como antirretrovirais, e demais doenças. Em 2020, 10.417 pessoas morreram da doença. Os dados são do Boletim Epidemiológico Especial HIV/Aids de 2021, do governo federal.