Lula diz que Simone Tebet engrandeceu as mulheres na campanha eleitoral
A senadora do MDB diz que vai cumprir missões onde Lula achar que será útil. Mencionou o diálogo que fará com o agronegócio e confia na estabilidade fiscal de um governo Lula.
Publicado 07/10/2022 18:31 | Editado 08/10/2022 10:06
Após anunciar seu apoio a candidatura presidencial de Luis Inácio Lula da Silva, em evento para a imprensa em São Paulo, a senadora Simone Tebet (MDB) ouviu os agradecimentos do candidato e concedeu entrevista, em que sinalizou como pode contribuir para a campanha e o que espera de um eventual governo Lula. Ela foi a terceira colocada na disputa e garantiu quase cinco milhões de votos.
O acordo pelo apoio da senadora foi feito mediante a apresentação de cinco propostas a serem incorporadas ao programa de governo da Chapa Brasil da Esperança. Elas foram recebidas, e aceitas, pelas mãos do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice. As propostas do programa de governo da emedebista vão da saúde, educação, endividamento das famílias, diversidade, à equidade de gênero, e foram consideradas por Lula plenamente incorporáveis por seu programa.
“Eu queria te dizer, Simone, que esse Brasil que você sonha, que você despertou junto a milhões e milhões de brasileiros, mas sobretudo junto às mulheres, renovando a esperança; esse Brasil que você colocou no seu programa é possível de ser construído. O que é preciso é a gente fazer a política da repartição, do compartilhamento, do financiamento daquelas pessoas que mais precisam”, disse Lula.
Lula elogiou a senadora pela grandeza de sua participação nas eleições. “Acho que as mulheres ganharam com a sua campanha. Ela, na verdade, servirá de lição para que daqui para frente nenhuma mulher se sinta inferior em uma disputa pública de qualquer que seja o cargo.”
Lula disse da importância dela participar da reconstrução do Brasil e suas instituições democráticas. ”O que queremos e o que nos soma e nos iguala é um Brasil que seja generoso, que inclua a todos, não deixe ninguém para trás, que garanta igualdade e oportunidade para o filho e filha de cada Maria, João, José deste país”, disse a senadora, por sua vez.
Lula voltou a expressar o significado da eleição que reúne tantos apoios distintos. ”Nós não estamos lutando contra um político normal daquele que a gente estava habituado a combater e você já participou de muitas eleições. Nós estamos diante de um homem sem alma, sem coração. De um homem que não teve a sensibilidade de derramar uma única lágrima por nenhuma das mais de 680 [mil] vítimas de covid. Um homem que, presidindo esse país, não teve coragem de visitar uma única criança órfã de pai e mãe que morreram de covid. Não teve dó nem piedade de negar as vacinas quando elas poderiam ter salvado metade das pessoas que morreram”, disse o petista, parafraseando o discurso que sensibilizou, principalmente, mulheres, para a candidatura de Simone.
Apoio fundamental
O perfil da senadora e o prestígio que alcançou durante a campanha gerou expectativa de que ela amplie o diálogo com o setor do agronegócio e com o eleitorado do Centro-Oeste, redutos bolsonaristas. “Vou cumprir missões. Missão a gente não escolhe, a gente cumpre. Onde acharem que serei útil, lá estarei”, afirmou.
Após participar de programa de TV de Lula e do evento para a imprensa, ela disse que vai participar da campanha de segundo turno onde houver candidatos comuns ao seu partido e à campanha de Lula. A princípio, Simone apoia Pedro Cunha Lima (PSDB), na Paraíba, Raquel Lyra (PSDB), em Pernambuco, Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, com indefinição em outros estados.
Simone disse não apenas ser de um estado movido pelo agronegócio, mas ser também do setor. tEla defendeu que é possível alinhar a pauta à sustentabilidade e proteção ao meio ambiente. “Estou pronta para desmistificar essa tese equivocada, que só interessa ao atual presidente da República, de que é ou o agronegócio ou o meio ambiente, quando na realidade os dois andam juntos. Sem esse desenvolvimento sustentável não temos chuva e temos perdas nas nossas safras”, enfatizou, garantindo buscar apoio dos empresários.
Lula, por sua vez, reafirmou que não houve um governo como o dele para o agronegócio. Citou inúmeras medidas que favoreceram o setor, inclusive, impedindo muitos empresários de quebrar.
Responsabilidade fiscal
Outro tema caro à senadora, a responsabilidade fiscal, foi questionado considerando o fato de Lula ter declarado ser contra o teto de gastos criado no governo de Michel Temer. Simone pontuou sua compreensão sobre a rejeição de Lula ao mecanismo fiscal, e disse que apenas espera que haja uma “âncora [fiscal] mínima que dê conforto ao mercado e tranquilidade aos investidores para se blindar da má política de parte do Congresso Nacional”.
Ela criticou muito, desde o início de suas intervenções, o orçamento secreto, em que as emendas parlamentares sequestram todo o orçamento da União para fins obscuros. Ela testemunhou que o desvio de R$ 19 bi para emendas secretas só não foi de R$ 30 bi, porque feria o teto de gastos.
“Entendo a posição do PT que é contra o teto de gastos, mas também entendemos que é necessário uma âncora fiscal mínima até para que o orçamento público, hoje privado, e no bolso de meia dúzia possa voltar para o Executivo”, observou a senadora.
Lula repetiu o que já declarou em outras ocasiões, que seus governos foram conhecidos por garantir responsabilidade sobre as finanças públicas. “Ela limita você a utilizar dinheiro para coisas essenciais. Não pode deixar de investir dinheiro na saúde e na educação achando que é gasto. É preciso discernir entre o que é investimento e o que é gasto”, declarou o petista. Ele lembrou que seu governo gerou superávit primário, pagou dívida com FMI e emprestou ao organismo, além de fazer reservas cambiais.
Lula sinalizou que a senadora pode integrar as conversas para discutir a composição do ministério. “Depois que a gente ganhar a gente vai sentar numa mesa para discutir como a gente vai montar a equipe para dar vazão àquilo que é nossa proposta. O que não falta aqui é experiência.”