Lula quer confronto de ideias que não houve no primeiro turno
Vencedor da primeira etapa destas eleições, ex-presidente quer expor o contraste entre as candidaturas.
Publicado 04/10/2022 08:22 | Editado 05/10/2022 19:07
Em pronunciamento à imprensa, após reunião da coordenação da campanha nesta segunda-feira (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou como pretende conduzir a campanha neste segundo turno, a partir das diferenças fundamentais e opostas entre as candidaturas em disputa.
Vencedor da primeira etapa destas eleições, com mais de 57,2 milhões de votos, o ex-presidente afirmou que a polarização no Brasil é real, com projetos opostos disputando a Presidência. Ele destacou a diferença entre as duas candidaturas no segundo turno e a importância do debate, para que a sociedade conheça os projetos que estão em disputa.
“Um lado defende a democracia e o Estado de bem-estar social e o outro que é genocida, responsável ao menos por metade das mortes por covid, por conta de irresponsabilidade governamental”, afirmou.
Após fala da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin e de outros nomes importantes da coordenação e campanha, como a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, Lula afirmou que o segundo turno será uma oportunidade para fazer o debate que não houve no primeiro turno.
Gleisi disse que a campanha já começou o diálogo com o MDB, o PDT e o União Brasil (UB) para ter o apoio de Simone Tebet, Ciro Gomes e Soraya Thronicke na campanha do segundo turno pela presidência do Brasil. Também há sinalizações de interesse em conversar com setores do PSDB.
Lula fez um balanço positivo do primeiro turno e destacou o fato de o atual presidente, pela primeira vez na história recente, perder as eleições no primeiro turno. Ele disse ser especialista em ganhar eleições em segundo turno e contou que, a partir de amanhã, a campanha vai percorrer o Brasil para conversar com todos, especialmente com os que não votaram nele.
O objetivo é unir, num só bloco, todas as representações democratas para derrotar o autoritarismo e a falta de humanidade representados pela candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro (PL).
O ex-presidente anunciou que pretende voltar a percorrer o país, para “conversar mais com o povo”, visitando regiões que ficaram de fora da sua agenda no primeiro turno. Disse que vai percorrer os estados que tem segundo turno e também nos que resolveram a eleição para governador no primeiro. “Porque eu estou convencido que nós vamos alargar nossa vantagem no Nordeste. Que a gente vai alargar a nossa vantagem em Minas Gerais. Vou visitar regiões de Minas que eu deveria ter visitado e não pude”. Por fim, avisou os partidos que “a hora é de menos conversa entre nós e mais conversa com o eleitor”.
“Obter ontem a vitória que nós obtivemos, temos que agradecer primeiramente a Deus, depois a vocês e aos eleitores brasileiros. Porque, seguramente, essa vitória será aumentada para o segundo turno”, disse, ressaltando apoios que recebeu nesta segunda-feira, como de Tasso Jereissati e Roberto Freire.
Temas distintivos
Lula afirmou que “a polarização que atinge o Brasil é real”, com dois lados antagônicos se enfrentando. Ele elencou os temas principais que precisam ser abordados, entre eles, a questão climática.
“Temos uma discussão sobre a questão climática para nos opor ao adversário e mostrar, não só ao povo brasileiro, mas ao mundo, a importância de a gente cuidar da questão ambiental com o respeito e o com carinho que eles não cuidam”, disse, referindo-se à gestão ambiental do governo Bolsonaro.
Além da questão do clima, ele destacou o fortalecimento do SUS e ampliação dos investimentos em saúde e educação. Apelou para a urgência do movimento estudantil ocupar as ruas, porque o projeto bolsonarista corta investimentos em educação e pesquisa.
E também garantiu a manutenção de um programa de transferência de renda para as famílias mais pobres, como o Bolsa Família, que exige contrapartidas de quem recebe, como manutenção do filho na escola, vacinação e acompanhamento das gestantes, por exemplo.
“A sociedade brasileira vai entender a diferença entre a nossa candidatura que defende a verdade e a democracia, um estado de bem-estar social e a participação efetiva de mulheres e negros na política e a de um candidato que não gosta de democracia, que não gosta de cultura, que não gosta de livro, que prefere falar em armas, que não tem piedade nem compaixão da fome de 31 milhões de pessoas nesse país”, disse, acrescentando que essas diferenças ficarão visíveis a partir de amanhã, quando recomeça a campanha.
O ex-presidente também destacou a necessidade de se debater a questão do emprego, no contexto da nova relação entre capital e trabalho, de forma que, embora ninguém queira que volte ao que era antigamente, não é possível continuar numa situação em que o trabalhador não tem direito nenhum.
“Estou convencido que nós apenas retardamos um pouco a vitória”.