Com Datafolha e debate na Globo, campanha eleitoral vive hoje “Dia D”
Debate é visto como a última oportunidade para as candidaturas influenciarem um número maior de eleitores
Publicado 29/09/2022 13:32 | Editado 30/09/2022 10:48
Muito embora faltem três dias para as eleições presidenciais de 2022, é consenso que esta quinta-feira (29) é uma espécie de “Dia D” para as campanhas. A nova rodada da pesquisa Datafolha, que será divulgada às 18 horas, e o debate entre os presidenciáveis na TV Globo, a partir das 22h30, devem acelerar o desfecho na disputa ao Planalto.
As últimas pesquisas de intenções de voto registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indicaram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou sua vantagem para o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL). Foi o caso do mais recente levantamento do próprio Datafolha, divulgado em 22 de setembro.
Conforme aquela sondagem, Lula havia oscilado de 45% para 47% das intenções de voto, abrindo 14 pontos percentuais de dianteira e chegando a 50% dos votos válidos. Pesquisas posteriores a cargo de Ipec, Quaest e PoderData confirmaram a tendência de crescimento da candidatura Lula e a estagnação da campanha bolsonarista.
Como o Datafolha é o instituto de maior credibilidade nos meios políticos, o resultado que virá a público na noite desta quinta pode até mesmo impactar as estratégias dos candidatos para o debate, ainda que em cima da hora. A campanha de Lula deflagrou uma ofensiva para garantir a vitória já no próximo domingo, em um único turno. Para isso, é preciso obter 50% mais um dos votos válidos. A coligação passou a priorizar agendas que demonstrassem a amplitude dos apoios ao petista, bem como a exibição de depoimentos de celebridades.
Outras campanhas, especialmente a de Bolsonaro, elevaram o tom dos ataques a Lula. Porém, contraditoriamente, levantamentos como o do PoderData apontam que a rejeição ao ex-presidente diminuiu. Se há uma “onda Lula” em curso, qual será seu alcance? Em uma semana, as chances de vitória de Lula no primeiro turno cresceram ou diminuíram? É isso que o Datafolha pode indicar.
O debate, por sua vez, é visto como a última oportunidade para as candidaturas influenciarem um número maior de eleitores. Em 2018, mesmo sem a presença de Bolsonaro, o último encontro entre os presidenciáveis às vésperas no primeiro turno teve 22 pontos de audiência média, conforme a Kantar Ibope. Apenas na Grande São Paulo, a despeito do horário, foram 4,4 milhões de telespectadores.
Bolsonaro e Lula esvaziaram parte da agenda nesta semana para se prepararem ao duelo na Globo. Pesa contra o presidente não apenas a desvantagem nas pesquisas – mas também um histórico de desempenhos fracos em debates. No encontro da Band, em 28 de agosto, Bolsonaro protagonizou o momento mais constrangedor, ao ofender a jornalista Vera Magalhães.
A campanha bolsonarista está dividida. A área mais técnica, o marketing, espera que o presidente e candidato à reeleição se fixe em dados econômicos, prestando contas de sua gestão. Além disso, cobram de Bolsonaro acenos mais marcantes para o eleitorado feminino. Conforme a pesquisa Ipec da última segunda-feira (26), a diferença a favor de Lula cresceu seis pontos percentuais entre as mulheres ao longo de três semanas. O petista tem o dobro das intenções de voto de Bolsonaro nesse segmento – 51% a 26%.
Já Lula, sabendo que será o alvo dos demais candidatos, dedicou os últimos dias a melhorar a “defesa” e qualificar os contra-ataques a Bolsonaro. Embora o objetivo seja manter o estilo “paz e amor”, a coordenação da campanha espera que Lula mostre contundência e, claro, não caia em provocações.
Pode-se dizer que Lula, à frente nas pesquisas, joga pelo empate e só não pode sair arranhado do embate na Globo. Mas o temor dos adversários é que o ex-presidente se saia bem do debate e se aproxime ainda mais de vencer a eleição já no próximo domingo (2), sem necessidade de segundo turno. Daqui a poucas horas, saberemos qual lado sairá vitorioso – ao menos deste “Dia D”.