Mais de 5 milhões de famílias não recebem Auxílio Gás, mesmo tendo direito
Balanço aponta grave defasagem no pagamento do benefício: famílias aptas somam 16,3 milhões e as que efetivamente recebem são 5,6 milhões, ou seja, 2 em cada 3
Publicado 19/09/2022 15:12
Apenas 5,6 milhões de famílias com direito ao Auxílio Gás, de um total de 16,3 milhões, estão recebendo o benefício. A constatação demonstra que a medida — feita de maneira atabalhoada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) via “PEC do Desespero”, com o objetivo de colher frutos eleitorais a partir da exploração das necessidades do povo — não teve condições de se viabilizar concretamente em sua plenitude.
A quantidade de pessoas que recebem o auxílio corresponde a duas em cada três com características eletivas para acessa-lo. Os dados foram publicados pelo UOL, tendo como base informações da demanda reprimida do programa, levantadas pelo grupo de vigilância socioassistencial da Câmara da Assistência do Consórcio Nordeste, a partir do Cadastro Único.
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A reportagem mostrou que pessoas que deveriam estar recebendo não estão e não há, por parte do governo, uma resposta clara sobre quando o benefício chegará a todos que precisam. Há casos como o de uma família com seis filhos, chefiada por mulher, que ainda não teve acesso. Há outros que também têm direito e fazem parte do público prioritário, procuraram o Cras (Centro de Referência da Assistência Social) local e ainda hoje não têm informação sobre quando receberão o vale.
“Se por um lado o auxílio significou alívio para a população mais pobre, haja vista o exorbitante aumento do preço do gás de cozinha, por outro se tornou um pesadelo. Os dados levantados mostram o insuficiente atendimento à população que tem perfil para este programa e não é atendida”, disse ao portal a assistente social e membro desse grupo de vigilância, Shirley Samico.
O Auxílio Gás foi criado em 2021, como forma de lidar, por vias tortas, com os aumentos exorbitantes no gás de cozinha, decorrentes justamente da política de preços com paridade ao dólar aplicada pelo próprio governo Bolsonaro.
Recentemente, foi turbinado como forma de o presidente tentar aumentar sua preferência junto ao eleitorado mais vulnerável. Antes, o auxílio valia 50% do valor médio do botijão de 13 quilos; com a PEC, promulgada em 14 de julho pelo Congresso, o pagamento, feito bimestralmente, passou ser integral — mas vai apenas até o final do ano. A partir de janeiro de 2023, volta a ser de 50%. Ao todo, foi destinado pouco mais de R$ 1 bilhão para o benefício.
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(PL)