Associação desmente que Ibama cometeu abuso contra infratores na Amazônia
A Associação Nacional dos Servidores Ambientais ingressará na Justiça contra Bolsonaro que mentiu ao Jornal Nacional e colocou em risco a vida dos fiscais
Publicado 24/08/2022 11:56 | Editado 24/08/2022 12:10
A Associação Nacional dos Servidores Ambientais (Ascema) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) mentiu ao dizer na sabatina do “Jornal Nacional”, da TV Globo, que fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) cometem abuso ao destruir equipamentos de criminosos ambientais na Amazônia.
O presidente ecogenocida afirmou que a lei prevê a destruição quando não há condições de retirada do maquinário do local. “O pessoal do Ibama toca fogo mesmo podendo retirar o material”, acusou o presidente.
A associação avisou que ingressará com medidas judiciais “diante das falas irresponsáveis do candidato, as quais expõe ainda mais os servidores públicos a ataques contra a sua integridade física durante o cumprimento do seu dever legal”.
Em nota publicada nesta terça-feira (23), a entidade diz que a destruição de equipamentos envolvidos em crimes ambientais é feita em “locais ermos e isolados da floresta amazônica”.
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Os servidores explicam que isso é feito no interior de terras indígenas e unidades de conservação, quando se constata crime ambiental e o responsável abandona o bem com a chegada da fiscalização.
“Todas as ações dos agentes do Ibama são devidamente registradas e documentadas em processo administrativo próprio, podendo o dono do bem recorrer ao Ibama para solicitar o ressarcimento de eventuais prejuízos. No entanto, curiosamente, isso nunca ocorreu”, disse a associação.
Explicação
A Ascema explicou ainda que a situação ocorre atualmente durante o combate ao desmatamento e ao garimpo em áreas remotas no interior da Amazônia, motivos que dificultam a retirada do maquinário pelos agentes do Ibama.
“Em boa parte desses locais, os veículos de grande porte só entram no período de seca, permanecendo dentro da floresta durante todo o inverno chuvoso, sendo possível a sua retirada somente no ano seguinte, quando retorna o verão. Ou o contrário”, diz um trecho da nota.
Os servidores detalham que os veículos entram no meio da floresta conduzidos por balsas que só navegam em época de chuvas intensas, quando os rios estão cheios, saindo de lá apenas no inverno seguinte, quando os rios tornam a encher.
“Soma-se a isso o fato de que a retirada dessas máquinas do meio da floresta colocaria em risco a vida dos agentes ao longo de todo o trajeto, assim como daqueles envolvidos nos crimes ambientais e a tentativa de recuperação do maquinário, poderia desdobrar em conflitos violentos”.
Poderosos
De acordo com a entidade, os donos dos equipamentos são pessoas poderosas, que buscam sempre anonimato se escondendo atrás de ‘laranjas’, para dificultar as ações de punição do Estado para os diversos crimes que cometem, os quais não se restringem apenas aos da esfera ambiental.
“São pessoas que financiam campanhas de políticos que, por sua vez, ousam até ir a público defender o ‘direito’ dessas pessoas que não têm nome e nem endereço. Esses criminosos estão há anos usurpando terras da União e unidades de conservação em benefício próprio”, afirmou a entidade.
As atividades ilegais praticadas por eles, segundo a Ascema, deixam um rastro irreversível de contaminação e degradação ambiental, sem pagar imposto e gerar benefício social para a região.