Sob Bolsonaro, Amazônia padece em chamas pelo quarto ano seguido
As queimadas ilegais na região estão espalhando nuvens de fumaça tóxica que estão encobrindo várias cidades como a capital amazonense Manaus
Publicado 22/08/2022 12:50 | Editado 22/08/2022 16:53
O desgoverno de Bolsonaro precisa ser derrotado nas urnas antes que ele destrua a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Dados divulgados pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que o ecogenocida caminha para concluir seu mandato com o quarto ano seguido de desmatamento igual ou maior que 10 mil km².
No último dado divulgado pelo Inpe, a região teve 8,6 mil km² de bioma derrubado entre agosto de 2021 a julho de 2022, o terceiro maior da série histórica, atrás apenas dos dois anos anteriores.
De acordo com reportagem do site especializado Amazônia Real, de 1º de agosto até este domingo (21), o monitoramento do Inpe já registrava 16.088 focos de queimadas na região. O Pará lidera o ranking pelo terceiro ano consecutivo com 7.495 focos, seguido do Amazonas com 3.974.
“No Amazonas, na primeira semana de agosto, o número de focos de queimadas era de 2.220. Na segunda semana, passou para 4.371. Neste dia 21, o Inpe registrou 8.151 focos, o que significa que o número saltou de 15,1% para 55,3% desde o dia 1º deste mês até neste domingo no estado”, diz o texto da repórter Wérica Lima. A matéria destaca ainda que, em 2022, foram vetados por Bolsonaro cerca de 25,8 milhões destinados a gestão ambiental e controle de incêndios na região.
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O resultado disso é que as queimadas ilegais no sul do Amazonas e sudeste do Pará estão espalhando nuvens de fumaça tóxica que estão encobrindo várias cidades da região como a capital amazonense Manaus.
“Toda a região sul da floresta amazônica está queimando como eu nunca vi em uma faixa que a travessa o Xingu no limite da Terra Indígena Kayapó no município de São Félix, cruza a Terra do Meio passando pela BR 163 e segue em direção a Manaus. Esta não é uma situação normal”, advertiu Rodolfo Salm, professor de ciências biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Na sua conta no Tweitter, o professor divulgou imagens da região: “O rio Xingu hoje cedo coberto por densa camada de fumaça. A floresta tropical mais diversa do mundo virando cinzas diante dos nossos olhos. Bolsonaro tem que sair. Mas antes mesmo disso esse fogo precisa parar”.
“O que eu vejo agora, da varanda da minha casa, em Altamira. A floresta queima. Me sinto morrer”, postou a jornalista Eliane Brum, para quem o “Brasil precisa se levantar contra a destruição da maior floresta tropical do planeta”.
Repercussão
O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PE), diz que a boiada continua passando. “Desde o início deste desgoverno, o desmatamento da Amazônia bate recorde. Novos dados do Inpe mostram que de agosto de 2021 até julho de 2022 tivemos mais um período de elevada destruição”, criticou.
Renildo diz que levando em conta os dados oficiais já foram derrubados mais de 31 mil km² de Amazônia desde o início do governo Bolsonaro. “Mas não podemos esperar nada diferente de um mandatário que desautoriza operações de combate ao desmatamento e protege ações ilegais na região”, diz.
“E pensar que o Brasil já foi referência em preservação ambiental. Hoje, o que vemos são discursos inflamados contra a legislação ambiental e aumento da incitação à violência nessas áreas. Um absurdo completo!”, concluiu.
“Amazônia em chamas, com fumaça intensa tomando Manaus. É preciso derrotar o ecocida antes que ele acabe com nossas florestas”, criticou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
Lula
O ex-presidente Lula tem dado destaque na sua campanha para o tema. De acordo com o candidato, há 20 anos, o Brasil passou por um forte processo de desmatamento que foi reduzido em 75% após ações eficazes do governo.
“Quando nós chegamos ao governo, em 2003, tinha um forte desmatamento no país. Nós levamos dois anos preparando estruturas para que a gente pudesse tomar atitude de proteção ao meio ambiente, e aí nós diminuímos o desmatamento de forma seguida até a gente conseguir reduzir o desmatamento em 80%”, disse.
O programa de governo da Coligação Brasil da Esperança é enfático na defesa da maior floresta do mundo: “É imperativo defender a Amazônia da política de devastação posta em prática pelo atual governo. Nos nossos governos, reduzimos em quase 80% o desmatamento da Amazônia, a maior contribuição já realizada por um país para a mitigação das mudanças climáticas entre 2004 e 2012. Já nos comprometemos com o futuro do planeta, sem qualquer obrigação legal, e o faremos novamente”.