Nossa revolução será cuidar do povo brasileiro, diz Lula em SP
Segundo comício da campanha lotou o Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Além de Lula , de seu vice, Geraldo Alckmin, e da ex-presidenta Dilma, estavam no palco os candidatos a governador, Fernando Haddad, e a senador, Márcio França
Publicado 20/08/2022 15:05 | Editado 21/08/2022 12:41
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato a um terceiro mandato no Planalto, pediu a seus apoiadores que não desacelerem a campanha, a despeito dos recentes resultados favoráveis nas pesquisas eleitorais. Levantamento do instituto Datafolha divulgado na quinta-feira (18) mostra Lula com 47% de intenções de voto, 15 pontos a mais do que o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), que tem 32%.
“A gente não pode sossegar. Não ganhamos nada ainda”, afirmou Lula neste sábado (20), em encontro que lotou o Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. Foi o segundo comício da coligação Vamos Juntos Pelo Brasil nesta semana. O primeiro, na última quinta-feira (18), ocorreu em Belo Horizonte (MG).
Ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), Lula renovou promessas, mandou recados e fez orientações à militância. Também estavam no palco o ex-prefeito de São Paulo e candidato a governador Fernando Haddad (PT), bem como o candidato a senador da chapa, Márcio França (PSB).
Lula pediu voto especialmente em Haddad, que foi ministro em seu governo. “O Haddad foi o melhor ministro da Educação que este país já teve”, afirmou. “Foi com Haddad na Educação que nós saímos de 3,5 milhões de alunos nas universidades para 8 milhões. Foi com o Haddad na Educação que nós criamos o ProUni e colocamos 2 milhões de jovens da periferia na universidade.”
Vários momentos do discurso ressaltaram a importância de “cuidar” dos brasileiros e retribuir a confiança em mais um mandato. “Não podemos nunca trair os anseios das mulheres e dos homens que votarem em nós”, disse Lula. “Vamos fazer a revolução que o Brasil precisa sem dar um único tiro. É a revolução de cuidar do povo brasileiro.” Segundo ele, “governar é cuidar das pessoas, sobretudo daquelas mais necessitadas. Este é o papel o governo”.
Ele comparou o presidente da República a uma mãe que sabe cuidar igualmente de todos os filhos. “O governo tem que agir com o coração de uma mãe”, afirmou. “Mas governar não é cuidar dos ricos e dos banqueiros. É cuidar do povo trabalhador.”
Lula criticou o uso político da religião por Bolsonaro e seus seguidores. “Tem demônio sendo chamado de ‘Deus’ e tem gente honesta sendo chamada de ‘demônio’”, denunciou. Declarando-se defensor de um Estado laico, que saiba acolher todas as religiões, o ex-presidente afirmou que os bolsonaristas “estão fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”. Para Lula, os diversos credos “não deveriam ter partido político”, nem promover a candidatura de “falsos profetas”.
O ex-presidente criticou duramente Bolsonaro, a quem acusou de tentar “comprar votos” com ações eleitoreiras e oportunistas. “Falta vergonha na cara a quem governa este país”, disparou. Lula lembrou que o PT e a esquerda defendem um auxílio emergencial de R$ 600 desde o início da pandemia de Covid-19, mas Bolsonaro só viabilizou esse benefício agora, no período eleitoral.
“Estão tentando enganar o eleitor, pensando que o eleitor é que nem gado”, provocou Lula. “Este povo sabe quem gosta de povo e quem odeia povo. E o povo brasileiro está com saco cheio de tanta mentira, injustiça e sofrimento”. O ex-presidente recordou também a forma negligente como o governo Bolsonaro enfrentou a crise sanitária. “Ele ne sequer chorou uma lágrima pelas mais de 680 mil pessoas mortas de Covid. Quantas crianças ficaram órfãs!”
Os trabalhadores mereceram uma atenção especial de Lula. Além de enfatizar que iniciou a campanha deste ano com uma atividade em frente à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), o petista frisou três compromissos com a classe trabalhadora: reajustar a tabela do imposto de renda, para isentar quem ganha menos; retomar a política de valorização real do salário mínimo; e incentivar a formalização do mercado de trabalho. “Este país vai voltar a ser justo, vai voltar a sorrir.”