Presidente da Fiesp diz que processo eleitoral brasileiro é seguro
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Josué Gomes da Silva ressaltou a importância da democracia para a economia.
Publicado 06/08/2022 08:00 | Editado 05/08/2022 20:53
No momento em que a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) tornou público um manifesto em defesa da democracia, o presidente da entidade, Josué Gomes da Silva, respondeu às críticas de Bolsonaro, disse que o processo eleitoral brasileiro é seguro e ressaltou a importância do ambiente democrático para a economia.
“É natural que a Fiesp assine um manifesto em defesa da democracia, já que não existe liberalismo, economia de mercado ou propriedade privada, valores tão caros à entidade e ao setor industrial, sem que exista segurança jurídica, cujo pilar essencial é a democracia e o Estado de Direito”, afirmou o presidente da Fiesp, em entrevista à Folha de S. Paulo. “Não deveríamos estar discutindo, a esta altura do campeonato, a urna eletrônica, e sim uma agenda para o país, como fomentar o desenvolvimento”, disse ainda o empresário, acrescentando que não há como se ignorar a insegurança criada pela contestação da confiabilidade do sistema eleitoral e do Judiciário.
Segundo Josué, é preciso defender o que é central para a democracia, o processo eleitoral, que, no Brasil, é um processo seguro, já amplamente demonstrado, e que tem feito eleições desde 1996 com sucesso e sem questionamento. Na entrevista, ele menciona a tradição nos Estados Unidos de o candidato derrotado ligar para o vencedor, logo após os resultados, para fazer a “concessão”. “E quando isso não ocorreu, acabamos vendo cenas lamentáveis como 6 de janeiro. Nós não podemos aceitar que um 6 de janeiro aconteça no Brasil”, disse, referindo-se ao fato de o ex-presidente americano Donald Trump não ter aceitado prontamente a derrota para o democrata Joe Biden na eleição de 2020, estimulando a invasão do Capitólio.
Josué é filho do vice do ex-presidente Lula, José Alencar (1931-2011). Bolsonaro fez críticas ao manifesto, que acusou de ser político, e disse que o documento defende “um ladrão”. De acordo com o G1, empresários relataram ter sofrido pressão do presidente para não assinarem o manifesto. Interlocutores do presidente teriam ligado para dirigentes de entidades empresariais. Embora o documento tenha recebido ampla adesão de representantes da sociedade civil, das 131 entidades filiadas à Fiesp, apenas 18 assinaram o texto. “Nosso manifesto nada tem de partidário, ele defende um valor que atende os interesses tanto da direita quanto da esquerda, a direita pode ganhar a eleição, e se vier a ser questionada?”, contestou. “É apartidário, isso está mais do que demonstrado pelo arco de pessoas que assinaram”, reforçou.