‘Bode expiatório’: palestinos são bombardeados em meio a eleições israelenses
Após ataques aéreos mortais em Gaza, analistas questionam a motivação de Israel em meio à turbulência política e com novas eleições chegando.
Publicado 05/08/2022 19:14 | Editado 06/08/2022 08:22
Analistas do mundo árabe questionam as motivações eleitorais do ataque de Israel a Gaza, nesta sexta-feira (5), diante da falta de motivação concreta. O ataque levou semanas para ser feito, um ato deliberado para ganhar legitimidade com seu público, enquanto Israel se prepara para novas eleições em novembro. Dizer que vai prender (matar) terroristas em território palestino é uma senha fácil para novos ataques violentos, que ganha simpatia entre colonos israelenses radicalizados e religiosos.
Os ataques ocorrem depois que as forças israelenses prenderam Bassam al-Saadi, detido durante um ataque israelense na cidade de Jenin, na Cisjordânia.
Na sexta-feira, Israel lançou mísseis em todo o enclave palestino sitiado, matando 10 pessoas, incluindo uma menina de cinco anos, uma mulher de 23 anos, bem como Taysir al-Jabari, comandante da ala militar da Jihad Islâmica.
O grupo Jihad Islâmico disse que disparou mais de 100 foguetes contra Israel em retaliação aos ataques aéreos. A violência levantou temores de outra guerra em Gaza por Israel, apenas 15 meses após um conflito de um mês que matou mais de 260 pessoas.
Gaza testemunhou quatro ou cinco grandes conflitos nos últimos 15 anos e ainda fala de reconstrução quando sofre novo ataque. Gaza ainda náo saiu do trauma, e já se vê como bode expiatório dos interesses da elite política israelense.

‘Gazanos vão pagar’
Pouco antes, Israel reforçou seu controle sobre Gaza, que já está há 15 anos sob um bloqueio brutal, fechando todas as passagens de fronteira.
O ataque de sexta-feira veio logo após outros ataques, inclusive por drones, levando alguns observadores a sugerir que a escalada atual é um movimento calculado. A Cisjordânia também viu um aumento nos ataques israelenses por soldados e colonos , bem como prisões de palestinos e demolições de casas.
Israel parecia decidido a agravar a situação quando o primeiro-ministro Yair Lapid disse na quinta-feira que Israel “não se esquivará de usar a força para restaurar a vida normal no sul do país e não interromperemos a política de prender agentes terroristas”.
Como é o caso quase todo verão, a atual coalizão de governo em Israel pretende parecer agressiva antes de outro ciclo eleitoral em que o Partido Likud – liderado pelo ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – está prestes a retornar.As eleições nos EUA também influenciam o clima em Israel.
O fato de que nenhum foguete ter sido disparado de Gaza antes da decisão unilateral de Israel de iniciar um massacre, apesar do endurecimento do bloqueio, e do assassinato de líderes da Jihad Islâmica Palestina, é uma evidência da vacuidade das preocupações de segurança israelenses.
Com informações da Aljazira