Ministro da Saúde pede desculpas a deputada do PCdoB após ofendê-la

Durante audiência na Câmara dos Deputados, a deputada Jandira Fehali, que foi ofendida, disse que não iria devolver a forma como foi tratada, diferente do que fez Marcelo Queiroga

Deputada questiona ministro durante audiência (Foto: Sérgio Francês/Liderança do PSB)

Convocado por cinco comissões na Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pediu desculpas a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) por tê-la ofendido em um encontro fechado na sede da pasta em Brasília. Ele criticou professores da Fiocruz citados pela parlamentar. “Saco cheio, pô! Podem ser professores do inferno!”, disse em um dos áudios divulgados pelo site Metrópoles.

Durante audiência nesta terça-feira (5), Jandira Feghali, autora do requerimento que convocou o ministro, disse a ele que faria os questionamentos com respeito. “Ministro, não se preocupe, a gente, quando é anfitrião, a gente trata as pessoas com respeito, então não vou devolver a forma como fui tratada no ministério, vou lhe tratar com respeito, diferentemente do que Vossa Excelência fez comigo na sua sala no Ministério da Saúde”, lembrou Feghali.

A deputada disse ainda que na sua longa atuação na comissão de Seguridade Social tem primado, na forma de fazer política, por tratar as pessoas com alto nível e com respeito. “Não vou lhe devolver com o desrespeito com o qual Vossa Excelência me tratou no ministério, mesmo entendendo que lá não é sua casa, porque aquilo é pago com o dinheiro do povo, e aqui, o parlamento brasileiro, é a casa do povo e, nesta Comissão de Seguridade, estou há 28 anos”, afirmou.

Leia mais: Marcelo Queiroga, um general do Apocalipse Bolsonaro

Na sua fala, o ministro da Saúde pediu desculpas por ter sido “descortês” com deputada. “Em primeiro lugar, deputada Jandira, eu conheço a trajetória da senhora como parlamentar, como figura pública, nós temos respeito por sua trajetória. Em nenhum momento tive a intenção de ser descortês com a senhora e, se fui, peço desculpas a senhora e acho que temos que construir sim um diálogo democrático em favor da saúde pública e do povo brasileiro”, disse.

Covid-19

Jandira cobrou que o ministro retome investimento em campanha de vacinação contra a Covid-19. A parlamentar questionou ainda as razões que levaram Queiroga a decretar o fim da pandemia, num momento em que havia uma queda no número dos casos, mas que a crise sanitária ainda estava longe de ser vencida.

“Havia muitas preocupações na época da decretação do fim da pandemia e parece que a pandemia, de fato, não acabou. Naquele momento tínhamos uma redução no número de casos, mas eles voltaram a crescer. Não sei dizer se é uma quarta onda que vivemos, mas não vejo o ministério falar sobre isso. Tenho visto uma estagnação na vacinação e isso é preocupante. Não há campanha de vacinação, principalmente na dose de reforço”, criticou.

A deputada lembrou que o Tribunal de Contas da União (TCU) detectou um estoque de 26 milhões de doses de vacinas vencendo até agosto. “Não há uma campanha de vacinação no Brasil. Esses 53%, que a gente não sai disso — 53%, 55% como média, não é igual para todo Brasil —, essa é uma preocupação. A vacinação no Brasil está estagnada, principalmente na dose de reforço”, alertou.

O ministro concordou com as críticas sobre a lentidão atual da vacinação contra a Covid-19, mas disse que a adesão também depende da vontade das pessoas. Ele afirmou, porém, que vai buscar o aumento dos recursos para campanhas publicitárias e que a Fiocruz está estudando a ampliação da validade da vacina AstraZeneca, hoje de 9 meses, porque existem estoques vencendo.

Sobre o fim da pandemia, decretado pelo governo em 22 de maio, Queiroga afirmou que a emergência só se justificava pela necessidade de estruturar o sistema para receber os pacientes e que isso agora existe.

Queiroga falou na Câmara aos Deputados em reunião conjunta das comissões de Seguridade Social e Família; de Defesa do Consumidor; de Defesa dos Direitos da Mulher; de Fiscalização Financeira e Controle; e de Trabalho, Administração e Serviço Público.

Marcelo Queiroga durante a audiência na Câmara (Foto: BBilly Boss/Agência Câmara)

Com informações da Liderança do PCdoB na Câmara

Autor