Hong Kong, 25 anos depois
Todos sabem o que se tornou Hong Kong nos últimos anos. Um local privilegiado de ação direta estrangeira com vistas à desestabilização da República Popular da China como um todo
Publicado 01/07/2022 11:59 | Editado 01/07/2022 16:05
No dia 1º de julho comemora-se o retorno de Hong Kong à China e a constituição da Região Administrativa Especial de Hong Kong. Trata-se de uma forma diferenciada de tratar a região dadas as especificidades da Declaração Conjunta Sino-Britânica assinada em 1984, tendo em vista o retorno da ilha de Hong-Kong, da península de Kowloon e dos Novos Territórios em 1997. Em certa medida tratou-se de mais uma página do final do que é reconhecido como o século das humilhações, justamente iniciada com a Primeira Guerra do Ópio (1840-1842) que começou o processo de decadência da China Imperial sob o violento processo de divisão do território chinês por diferentes potências imperialistas. A fundação da República Popular da China em 1949 colocou um fim a esta condição semicolonial e semifeudal do país.
Bom lembrar que a Inglaterra (juntamente com os Estados Unidos), atualmente empenhada na defesa dos valores da “democracia” e dos “direitos humanos”, declarou guerra à China em nome da liberdade do comércio internacional de drogas. Trata-se de uma mancha, não somente na história da Inglaterra, mas uma marca vergonhosa na história da chamanda ‘civilização ocidental.
Hong Kong estava sob o domínio colonial do Império Britânico após a Primeira Guerra do Ópio (1840-1842). Originalmente confinada à Ilha de Hong Kong, as fronteiras da região foram estendidas em etapas para a Península de Kowloon em 1860 e, em seguida, para os Novos Territórios, em 1898. Foi ocupada pelo Império do Japão durante a Guerra do Pacífico, após a qual o controle britânico foi retomado. O processo de desenvolvimento capitalista de Hong Kong ocorreu de forma acelerada após a Segunda Guerra Mundial, neste sentido e tendo em vista a necessidade de criação de condições para sustentar a reunificação do país, o ex-líder chinês Deng Xiaoping desenvolveu o conceito de “um país, dois sistemas” com o objetivo de solucionar as questões de Hong Kong, Macau e Taiwan.
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O conceito apresentado em 1982 durante o primeiro encontro entre Deng Xiaoping e a primeira-ministra britânica, Margareth Thatcher, prevê a manutenção do status do sistema capitalista durante 50 anos na região, enquanto a parte continental continuaria sob instituições de tipo socialista. Uma fórmula genial que retirou da Inglaterra todos os argumentos levantados à época por Thatcher sobre os riscos à estabilidade da região tendo em vista uma possível volta à China. Inflexível, Deng Xiaoping deixou claro à primeira-ministra que a questão da soberania chinesa sobre Hong Kong seria inegociável e que as duas partes teriam dois anos para apresentarem uma solução.
Conforme previsto, Hong Kong voltou à China em 1997 após cerca de 150 anos de domínio colonial. Dado importante é que nessa região nunca houve democracia, nem tampouco liberdade de escolha de seus representantes por parte do povo. A história é implacável com a hipocrisia ocidental! Desde então, em uma crescente relação com a Zona Econômica Especial de Shenzen, Hong Kong tem sido uma praça financeira altamente desenvolvida e fundamental para o próprio progresso geral da China.
A integração econômica de Hong Kong ao espaço econômico nacional chinês é plena, demandando o surgimento de formas superiores de integração tendo em vista o grande desenvolvimento alcançado pela província de Guangdong. A presente época histórica coloca o desafio de integração de Hong Kong e Macau às cadeias produtivas de altíssima tecnologia localizadas na citada província. Isso significa que o futuro de Hong Kong não está em falsas promessas ocidentais e, sim, na elevação de patamar de integração econômica ao desenvolvimento nacional.
Todos sabem o que se tornou Hong Kong nos últimos anos. Um local privilegiado de ação direta estrangeira com vistas à desestabilização da República Popular da China como um todo. Repete-se em Hong Kong as mesmas práticas de guerra híbrida aplicadas pelas potências ocidentais em países como a Ucrânia, Brasil, Turquia e Rússia com vistas à destruir o moral da sociedade, iludir a juventude com falsas promessas e desestabilizar seus adversários. Também não é novidade que Hong Kong se transformou em um local privilegiado para ações programadas do imperialismo estadunidense e seus aliados em nome da “democracia” e dos “direitos humanos”. Se esquecem que, enquanto esse “império de mentiras” patrocina as forças anti-China de Hong Kong, em seu próprio território mais de um milhão de pessoas já foram mortas por Covid-19.
Os 25 anos de retorno de Hong Kong ao berço pátrio chinês devem ser comemorados, mas também deve ser um momento de amplas discussões não somente sobre o futuro da região em um posterior arranjo territorial e econômico chinês. A China e o socialismo estão sob amplo ataque e tentativas de subversão patrocinadas por potências estrangeiras. Hong Kong é parte deste processo de desestabilização. Nunca foi tão necessário o exercício da vigilância.