Braga Neto constrange empresários com ameaças às eleições

As declarações golpistas aumentam à medida em que crescem as dificuldades para a reeleição de Bolsonaro. Desta vez, o candidato a vice constrangeu empresários reunidos pela Firjan

General Braga Neto. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A jornalista Malu Gaspar noticia, na sua coluna em O Globo, que o pré-candidato a vice de Jair Bolsonaro constrangeu empresários no Rio ao declarar em reunião com a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) que, se não for feita a auditoria nos votos defendida pelo presidente, “não tem eleição”.

A declaração do general Braga Neto aconteceu no dia 24, dois dias antes de ele ser oficializado candidato a vice. “E causou constrangimento na plateia de 40 empresários selecionados a dedo pela federação empresarial para um discreto encontro dedicado oficialmente à apresentação de pleitos do Rio ao ‘assessor especial da presidência da República”, relata.

Segundo informações recolhidas pela colunista, “a sala foi tomada por um incômodo silêncio após a declaração”.  Braga Neto estava acompanhado pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pré-candidato a deputado federal.

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O candidato é o responsável pela arrecadação de recursos para a campanha de Bolsonaro. Malu Gaspar chama atenção para a insistência na ameaça de ruptura com base em teses conspiratórias no momento em que há uma onda de notícias ruins para o governo.

Além da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, a suspeita de interferência do presidente na Polícia Federal, a economia vai mal e as pesquisas detectam uma estagnação na intenção de votos.

No início do mês, em reunião com a Associação Comercial fluminense, o próprio Bolsonaro teria feito as mesmas ameaças. Em julho de 2021, o Estado de S. Paulo mostrou que Braga Neto fez a mesma ameaça ao presidente da Câmara Artur Lira, por meio de emissários.

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Diversas lideranças políticas do campo democrático e ministros do Tribunal Superior Eleitoral vêm alertando que as urnas eletrônicas são seguras e que já passam por processos de auditoria.

No mês passado, durante seminário internacional organizado pela Associação Brasileirad e Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), a ministra substituta do TSE, Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro, nomeada por Bolsonaro, lembrou que “as urnas eletrônicas são usadas há 26 anos, sem nenhum indício idôneo de violação”. Contrariando o presidente golpista, ela declarou que “não há nenhuma justificativa suficiente que nos permitam duvidar da higidez, da integridade, da transparência do nosso processo eletrônico de votação”.

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