Klara Castanho é vítima de violência emocional e recebe a solidariedade

Enquanto o governo Bolsonaro lança manual incentivando investigação de mulheres, iniciativa legislativa em São Paulo garante sigilo às vítimas de estupro.

Lideranças do PCdoB manifestaram-se em uma onda de solidariedade à atriz Klara Castanho, pelas redes sociais. “Não é sobre o aborto. É sobre decidir. E qualquer decisão que uma mulher tome será condenada. Assim é a crueldade de uma sociedade machista. Uma sociedade que acha que as mulheres devem aguentar caladas as violências sofridas. NÃO NOS CALARÃO! Klara, você tem nossa solidariedade”, postou a deputada federal Jandira Feghalli. Em comentário à carta aberta escrita por Klara, a deputada federal Perpétua Almeida disse que é difícil ser mulher em um país que faz isso com as mulheres: “Me senti insignificante, diante dessa menina tão forte, tão corajosa, tão incrível!!! Minha irrestrita solidariedade e meu abraço infinito. Força, Klarinha”.

Na carta, Klara relata ter sido estuprada, descoberto a gravidez já avançada e optado pela adoção. A atriz descreve a violência emocional do médico que fez o ultrassom; da enfermeira que, logo após o parto, mencionou a divulgação à imprensa; além da própria publicação do assunto.   

A vice-presidenta do PCdoB, Manuela D’Ávila, ressaltou que o caso de Klara aconteceu dias após ter vindo à tona outro caso, de uma juíza que tentou impedir uma menina de realizar o procedimento legal de interrupção da gravidez, após ter sido vítima de estupro. “Uma menina de 11 anos é estuprada e tenta interromper a gestação. Outra, com 21, é estuprada e decide entregar o bebê para adoção. As duas são tripudiadas publicamente porque não é sobre aborto ou adoção. É sobre controle, violência e ódio contra as mulheres”, escreveu Manuela. Ao prestar solidariedade a Klara, a deputada federal Alice Portugal também manifestou a sua preocupação com a sucessão de casos de violência: “Depois do caso da menina de 11 anos de SC, agora vem à tona a violência contra a atriz Klara Castanho, que engravidou depois de ter sido estuprada e decidiu entregar a criança à adoção. Minha solidariedade à atriz, que foi revitimizada ao ter seu caso exposto por jornalistas para todo país! Chega de violência! As mulheres merecem respeito!!!”

Legislação

Ao lamentar os episódios de violência em suas redes, o deputado federal Daniel Almeida denunciou a iniciativa do governo Bolsonaro de incentivar a investigação de mulheres que fizeram aborto legal por estupro: “Dois casos chocaram o Brasil essa semana. Uma menina de 11 anos estuprada e grávida, a outra com 21 anos também estuprada, ficou grávida e fez doação legal. Ambas julgadas, expostas e sofrendo outras violências. E, nesse contexto, o Ministério da Saúde lança o novo manual do aborto prevendo investigação para mulheres que sofreram violência sexual e fizeram um aborto legal. É inadmissível, é grotesco, é desumano”.  

Na direção oposta a do governo Bolsonaro, a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) protocolou na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), nesta segunda-feira (27), um projeto de lei que garante o sigilo às vítimas de estupro que encaminharem seus bebês para adoção. De acordo com a Revista Fórum, o descumprimento desta lei, se aprovada, acarretará em multas que variam entre cerca de R$ 16.000 e R$ 48.000, além da suspensão da licença estadual para funcionamento por 30 dias.

Com informações do portal da Revista Fórum