Protesto no Equador faz governo reduzir preço dos combustíveis e impeachment é possível
Presidente do Equador, o direitista Guillermo Lasso, tenta se livrar do processo de impeachment que corre na Congresso. Alto desemprego e preços dos alimentos e combustíveis turbinam os protestos naquele país
Publicado 27/06/2022 20:48 | Editado 27/06/2022 20:52

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, tentou uma manobra para se manter no poder, neste domingo (26), ao revogar o estado de exceção que havia imposto nas seis províncias do país e anunciar a redução dos preços dos combustíveis, conforme reivindicam os manifestantes que paralisam o país desde o dia 13 de junho.
“O preço da gasolina vai baixar dez centavos de dólar (cerca de R$ 0,52) por galão [3,78 litros], e o preço do diesel também vai baixar dez centavos por galão”, declarou Lasso, que busca se livrar de um processo de impeachment em tramitação na Assembleia Nacional. Com a economia do país dolarizada, a gasolina extra passaria agora a custar US$ 2,45 por galão, enquanto o do diesel iria a US$ 1,80, ambos muito acima do pretendido pelos movimentos.
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Os altos preços dos combustíveis e dos alimentos, o desemprego em massa, a falta de recursos para saúde, e a violenta queda na renda alimentar são alguns dos graves pontos que abastecem a onda de protestos. Desesperado, as tropas governamentais atacaram covardemente até mesmo a Casa da Cultura do Equador, retomada pelos movimentos na noite desta sexta-feira (24), e despejaram bombas de gás lacrimogêneo ao redor da creche da Universidade Central que abrigava 200 filhos de manifestantes. De nada adiantou.

Diante da decisão do dirigente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leônidas Iza, de manter a mobilização, transformada em pedido de impeachment pelos parlamentares, Lasso recuou e flexibilizou as medidas repressivas, anunciando o subsídio para fertilizantes e perdão de dívidas.
O problema é que o levantamento realizado pela Aliança de Organizações para os Direitos Humanos, que reúne 15 grupos, apontou que até a quinta-feira (23) a brutal repressão do presidente banqueiro contra os movimentos sociais – particularmente contra os indígenas – já havia matado cinco manifestantes, deixado cinco desaparecidos, 166 feridos e 108 detidos. Um verdadeiro banho de sangue para o qual foram jogados gás lacrimogêneo e granadas sonoras e tiros que levaram jovens a perda parcial de visão.
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O Congresso do Equador retomou no domingo (26) às 18h (20 horas de Brasília) o debate sobre o processo de impeachment de Guillermo Lasso. No Equador, é necessária uma maioria de dois terços, equivalente a 92 dos 137 legisladores. Uma vez aprovado o impeachment, o vice-presidente Alfredo Borrero assumiria o comando e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), tendo sete dias para convocar eleições presidenciais e legislativas.
Enquanto isso, como reconhece o próprio governo, “a produção de petróleo está em níveis críticos” devido ao crescimento vertiginoso dos protestos.
Com agências