Planos de saúde tem aumento de 15,5%. Alta da inflação pressiona o governo
O IPCA 15, divulgado dia 24/6, indica forte aceleração da inflação. O índice ainda não captou o último reajuste dos combustíveis. Bolsonaro enxuga gelo e não consegue frear a inflação.
Publicado 25/06/2022 11:51 | Editado 26/06/2022 10:22
O IBGE divulgou nessa sexta (24) o IPCA-15 (Índice nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) com um percentual de aumento de 0,69% em junho. Esse índice representa uma forte aceleração em relação a maio e acima das expectativas do mercado financeiro.
Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumula uma alta de 12,04%. O indicador completou o décimo mês acima dos 10%. Está em dois dígitos desde setembro do ano passado.
A inflação oficial no Brasil é medida pelo IPCA (Índice nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também do IBGE. Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o dado de junho ainda não está fechado. Será conhecido no dia 8 de julho.
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O IPCA-15 é divulgado antes e sinaliza uma tendência de alta dos preços. É uma prévia que costuma ser calculada entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência.
Os dados divulgados no dia 24 foram coletados entre 14 de maio e 13 de junho. Isso significa que ainda não captaram os últimos reajustes na gasolina e no diesel anunciados pela Petrobras no dia 17 de junho.
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta. A maior foi no setor de transporte, com 0,84%. Neste segmento, as passagens aéreas subiram 11,36%, seguro voluntário de veículo, 4,2%, emplacamento e licença, 1,71%.
O setor de vestuário foi o que teve maior variação, subindo 1,77%. O ramo teve impacto de 0,08% no IPCA-15.
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Os gastos com saúde e cuidados pessoais impactou 0,16% no índice e teve aumento de 1,27%. Esse grupo foi pressionado pelo reajuste de até 15,5% nos planos de saúde, medida autorizada pela ANS (Agência Nacional de Saúde).
Alta da inflação pressiona Bolsonaro
Em doze meses, o IPCA-15 está bem acima da meta da inflação objetivada pelo Banco Central. Para esse ano, o BC previa inflação de 3,5%, com um teto de 5%.
A carestia, fruto do aumento dos preços, do desemprego e de fatores internacionais, pressionam o governo a tomar medidas, já que esse é um ano eleitoral. O que vemos, no entanto, nos últimos dias, foi uma série de ataques à Petrobras e uma tentativa de frear a alta da inflação com a lei que fixa um teto para as alíquotas de ICMS sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações, prejudicando sobremaneira os estados.
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Por outro lado, acena com o aumento de R$ 200 para quem tem o Auxílio Brasil, enquanto deixa 2,8 milhões de pessoas na fila de espera do programa de transferência de renda. Quer dar um voucher aos caminhoneiros, cujas lideranças já declararam que não querem esmolas.
Bolsonaro tenta se reerguer enxugando gelo. Suas medidas são ineficazes porque não alteram a estrutura dos problemas; é um governo sem credibilidade e pressionado por uma campanha eleitoral que tem um ex-presidente como adversário, reconhecido por sua capacidade de encontrar boas soluções para as crises econômicas e de ter as pessoas mais pobres como prioridade.