Parcela mais pobre teve renda de apenas R$ 39 por pessoa em 2021

Valor não pagava sequer um quilo de carne em São Paulo; neste ano, cesta básica já supera salário mínimo na capital paulista

Favela de Paraisópolis, em São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O que dá para comprar com R$ 39 por mês? Pouca coisa. Pode não pagar sequer um quilo de carne. Mas, por incrível que pareça, essa era, em dezembro, a renda média mensal domiciliar por pessoa da faixa dos 5% mais pobres da população, que somam cerca de 10 milhões de cidadãos. 

De acordo com dados da Pnad Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2021, medida pelo IBGE, o valor per capta, que já era baixo em 2020 (R$ 59) despencou R$ 20 no ano passado, ou quase 34%, maior queda entre as camadas investigadas. 

Em um ano, entre 2020 e 2021, também caiu sensivelmente entre os que estavam acima dos 5% e até os 10% mais pobres: o valor foi R$ 217 para R$ 148, quase 32% de diferença. 

Leia também: A miséria e a desigualdade como projeto

Enquanto cai o dinheiro disponível especialmente entre as camadas mais vulneráveis, segue em alta o valor de itens básicos. Em São Paulo, por exemplo, com aqueles R$ 39, não se comprava nem um quilo de carne, que no final do ano passado custava cerca de R$ 42. No mesmo período, segundo o Dieese, a cesta básica em São Paulo era de R$ 690. 

De lá para cá, a situação piorou. Em maio, na capital paulista, a cesta básica subiu 1,36%, chegando a R$ 1.226, e já supera o valor do salário mínimo (R$ 1.212), de acordo com o Dieese. Considerando a média nacional, a cesta básica custa pelo menos 55% do salário mínimo. 

Ao jornal Folha de S.Paulo, o economista da FGV Social alertou: “No caso dos programas sociais, houve um desajuste. A gente precisa fazer uma volta a um aprendizado: quem é mais pobre tem de receber mais recursos do que os demais, famílias maiores também”. 

Leia também: 1,8 milhão de famílias entram na pobreza extrema nos dois primeiros meses deste ano

Com agências

Autor