Anna Martins, um legado de meio século de lutas

Anna Martins foi vereadora da cidade de São Paulo, deputada estadual e destacou-se como liderança do movimento comunitário, desde o tempo da ditadura, atuando na organização dos movimentos contra a carestia, no início da década de 1980. Homenagem foi proposta pelo gabinete do vereador Eduardo Suplicy.

Homenagem a Anna Martins aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade de São Paulo

Proposta do gabinete do vereador Eduardo Suplicy (PT/SP) reuniu lideranças políticas, sindicais e sociais no dia 13 de junho em homenagem aos 50 anos de militância de Anna Martins. Ela foi vereadora da cidade de São Paulo, deputada estadual e destacou-se como liderança do movimento comunitário, desde o tempo da ditadura, atuando na organização dos movimentos contra a carestia, no início da década de 1980.

“Anna é uma daquelas figuras que marcam a história política do nosso estado. Não há como contar a história de luta social e política em São Paulo sem destacar a contribuição de Anna Martins. Uma mulher de luta, desde muito jovem sempre pronta para a batalha contra as mazelas sociais e na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”, destacou Suplicy.

“Uma mulher guerreira, que muito nos orgulha e nos garantiu com sua resistência e sagacidade direitos e o horizonte que é possível construir uma São Paulo mais igual e menos desumana” resumiu a artista e deputada estadual pelo PCdoB/SP, Leci Brandão, ao lembrar os 50 anos de militância de da ex-deputada estadual Anna Martins.

Leia também: Brasileiro, que já enfrenta a carestia, pode ficar sem feijão no prato

Leci Brandão ainda afirmou ser uma honra dividir a mesma trincheira com Anna Martins e que é motivo de muito orgulho e emoção que no mesmo ano que o PCdoB completa 100 anos, Anna complete 50 anos de luta e resistência por São Paulo e pelo país. “Um verdadeiro patrimônio da política paulistana e uma personagem que nunca deve ser esquecida”, emendou.

A solenidade ainda contou com a participação remota do deputado federal Orlando Silva (PCdoB/SP) que, em vídeo, falou sobre o que significa conviver e lutar com uma figura como Anna Martins. “Uma inspiração para todos nós, uma experiência única poder dividir a mesma trincheira com Anna e Tom. Aprendi muito e muito me honra ter acompanhado alguns dos momentos de luta desta grande líder”, declarou Orlando ao lembrar que também, no dia 13 de junho, completou 30 anos de sua chegada a São Paulo e início de sua luta para transformar esse estado.

Uma militante conectada com o povo paulistano

Alcides Amazonas, presidente do PCdoB São Paulo e que ocupou a cadeira de vereador ao lado de Anna Martins, falou sobre a parceria e o quanto aprendeu com ela durante seu mandato de vereador por São Paulo.

“Como um trabalhador do transporte, sempre estive conectado com o movimento sindical e me candidatei para vereador com essa pauta. Com Anna aprendi a jogar luz de forma macro nos problemas sociais, aprendi sobre a importância de se lutar por moradia digna de forma universal, a luta pela regularização dos loteamentos e como um projeto de cidade que pense em quem mais precisa não pode prescindir de olhar para a periferia e pensar a cidade a partir deste prisma”, rememorou Amazonas ao citar que uma marca do PCdoB é atuar sempre forma conectada com a sociedade e os movimentos sociais.

Espelho da fibra da mulher brasileira

“A trajetória de vida de Anna Martins e Tom (marido de Anna) é o retrato fiel de uma época de revolucionários inteiramente dedicados à transformação social e à luta contra toda as formas de violência. O exemplo dessa luta me inspirou ainda jovem e me apontou um horizonte em que preconceito e desigualdade não guardavam espaço”, afirmou a presidente da União Brasileira de Mulheres na Cidade de São Paulo (UBM São Paulo), Claudia Rodrigues. Segundo ele, Anna e Tom são a expressão concreta de valores que precisam ser difundidos e valorizados para resgatar, nos dias de hoje, um sentido de humanidade e superar a crise civilizatória do nosso tempo.

Presente na atividade, o vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, afirmou que celebrar 50 anos de Anna Martins é também realizar uma celebração para a esquerda brasileira.

“É evidente que a gente se orgulha muito do PCdoB dar mais essa contribuição dentro dos marcos do seu centenário, mas isso é fruto da luta do povo brasileira e da esquerda. Uma das coisas mais expressivas que eu vejo em Anna Martins é ser a expressão concentrada da fibra, da determinação, da coragem e do caráter da mulher brasileira”.

Anna e Tom, exemplos de líderes revolucionários

Após a solenidade de homenagem no Salão Nobre da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Anna Martins conduziu o lançamento da biografia de Antônio Almeida Soares, o Tom, de autoria de Osvaldo Bertolino. A obra Tom – fé e luta pelo socialismo, nos guia em uma viagem carregada de significados pela caminhada de um revolucionário paradigmático, militante e dirigente da organização revolucionária Ação Popular (AP) e, mais tarde, do PCdoB e companheiro Anna.

 Em mensagem por escrito, o dirigente nacional do PCdoB que também completa 50 anos de militância no PCdoB, José Reinaldo Carvalho, falou sobre a modéstia, sobriedade e otimismo revolucionário característicos de Anna Martins. “Como militante firme, decidida e consequente sempre inspirou o povo ao lado do qual ela sempre atuou, militantes que tiveram o privilégio de aprender com o seu edificante exemplo”.

Leia também: Luta contra a carestia começa a mobilizar a população

E emendou: “Anna e Tom foram líderes dos mais importantes trabalhos de massas da história do nosso Partido em São Paulo, foram para mim, recém-chegado a esta grande metrópole, no já longínquo 1982, fonte de inspiração, exemplo de ligação com o povo, de dedicação às suas causas, de plena entrega a uma missão libertadora”.

Também marcaram presença a homenagem a Anna Martins o político e ativista social ítalo-brasileiro José Luiz del Roio, da Comissão Justiça e Paz da Itália; o presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, o advogado Antônio Funari Filho; o Bispo Emérito de São Paulo, Dom Angélico Sândalo Bernardino; o presidente estadual do PCdoB de São Paulo, Rovilson Britto; e o ex-deputado federal e presidente da Comissão da Verdade de São Paulo, Adriano Diogo.

Autor