Lula alerta para comportamento perigoso de Bolsonaro nas eleições
Mesmo com as pesquisas indicando vitória no primeiro turno, Lula alerta para a necessidade dos movimentos sociais estarem mobilizados contra os ataques de Bolsonaro à democracia e suas instituições.
Publicado 28/05/2022 11:49 | Editado 29/05/2022 08:03
Durante a plenária com 87 entidades dos movimentos sociais, em São Paulo, o pré-candidato à Presidência da República, Luis Inácio Lula da Silva comentou sua lideranças nas pesquisas eleitorais. Ele aproveitou o momento de encontro com a militância dos movimentos para alertar para o risco do sentimento de “já ganhou”.
A plenária ocorreu na Casa de Portugal, na capital paulista, que teve também a participação de representantes dos sete partidos de centro-esquerda (PT, PCdoB, PV, PSB, Rede, Psol, Solidariedade) que integram a chapa.
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O sono de Bolsonaro
Líder na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (26), com a possibilidade de vitória no 1º turno, o pré-candidato ironizou o desempenho de Jair Bolsonaro. O petista, porém, disse que a disputa não será fácil e disse que Bolsonaro é “perigoso” e tem um “comportamento que não é democrático”. E pediu o empenho dos movimentos populares para reforçar sua pré-candidatura
“O Bolsonaro não dormiu depois do resultado da pesquisa. Ele deve ter pensado: ‘que desgraça que esse Lula tem que a gente inventa fake news e não adianta nada”, afirmou o ex-presidente.
No entanto, Lula fez questão de mandar um recado para a militância: “Vamos ter muito trabalho. A caminhada não é fácil. Nós estamos enfrentando alguém perigoso, que vive de ofender as instituições”.
“Se preparem. Não tem descanso, não tem trégua. Vai ter que trabalhar nas redes sociais, nos movimentos sociais, na igreja que frequenta, no trabalho. Não vai poder parar, porque se parar, pode ter dificuldade de ganhar”, disse Lula, reforçando o pedido pelo engajamento dos militantes.
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“Ele vive dizendo que só Deus vai tirá-lo da Presidência. O que ele não sabe é que o povo é a voz de Deus e vai tirá-lo de lá. Quem vai tirar ele de lá são vocês”, disse, sob aplausos.
Na pesquisa Datafolha, Lula aparece com 48% das intenções de voto ante 27% do atual presidente. Na contagem dos votos válidos, a pesquisa indica a vitória de Lula no primeiro turno, com 54%; Bolsonaro tem 30%, a pouco mais de quatro meses para as eleições.
Inflação e fome
Lula relembrou realizações de seus governos, especialmente nos setores sociais, e afirmou: “É preciso parar de dizer não ao povo trabalhador, ao povo sofrido, para dizer sim a empresários e banqueiros. Vamos inverter isso”.
O ex-presidente voltou a destacar que o país é autossuficiente em petróleo, mas o povo paga a gasolina mais cara do mundo e não tem condições de comprar um botijão. “Querem privatizar tudo que o país construiu para o povo brasileiro”.
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Lula voltou a criticar o governo Bolsonaro pela inflação, principalmente dos combustíveis e alimentos, que vem reduzindo o poder de compra da população e deixando os mais pobres com fome. Lula destacou que o controle dos preços é responsabilidade do governo federal e disse não ser possível a situação atual do país, onde o povo pobre não consegue mais comprar um botijão de gás com um salário mínimo.
“Não é possível que as pessoas estejam cozinhando com querosene e com lenha porque o botijão de gás fugiu ao controle de preço, que é da responsabilidade do governo federal. O preço do combustível e metade da inflação desse país é única e exclusivamente da responsabilidade do desgoverno que nós temos nesse país”, disse o ex-presidente.
Lula também criticou a onda de privatizações do patrimônio nacional, como a Eletrobras e a Petrobras. “Quer privatizar tudo que esse país construiu em nome do povo brasileiro”, disse, lembrando ações de seu governo, como a descoberta do pré-sal e o processo de capitalização da Petrobras, que a colocou como segunda empresa de energia mais poderosa do mundo.
Ao lado de seu vice na chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), Lula defendeu a “responsabilidade fiscal” e afirmou que é preciso parar “de dizer não ao povo trabalhador e dizer sim aos banqueiros e empresários. “É preciso inverter. Em vez de discutir responsabilidade fiscal para garantir dinheiro ao banqueiro, temos que discutir responsabilidade social para pagar a dívida que temos com o povo trabalhador”, afirmou no evento.
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Lula agradeceu o ex-governador Alckmin por “topar a jornada de recuperar o país para o povo brasileiro”.
Medo do voto do povo, não da urna eletrônica
O ex-governador foi bem recebido pelas lideranças de movimentos populares presentes. À plateia, Alckmin disse que o programa de governo de Lula será feito com as demandas apresentadas pelas entidades.
“Este é um momento histórico, com as principais lideranças e movimentos populares do Brasil. É assim que se faz um programa de governo, não com motociatas ou em lancha e iate. É junto do povo”, disse, em referência a Bolsonaro.
“Os movimentos terão voz e vez”, afirmou. “Chega de sofrimento, de exclusão, de morte, de ódio, de violência.”
Em outro momento do discurso, Alckmin disse que não é do sistema eleitoral que Bolsonaro desconfia, mas do voto do povo. “Ele não confia no voto do brasileiro”. “Ele sabe que não merece outro mandato”, declarou.
“É dessa forma que se constrói um programa de governo democrático e popular. Chega de sofrimento, de exclusão, de ódio, de morte, de violência e de desemprego. Chegou o tempo da esperança. Chegou o tempo de lula presidente”, finalizou Alckmin.
Veja a íntegra do discurso de Lula: