Enfrentando “tempestades” domésticas, Biden faz turnê pela Ásia
O presidente Joe Biden está em viagem à Ásia querendo demonstrar a presumida liderança dos Estados Unidos entre seus aliados, enquanto os problemas chovem sobre ele em casa.
Publicado 20/05/2022 20:38
O presidente, que completa um ano e quatro meses no cargo neste dia 20 de maio, passará as próximas horas e o final de semana visitando a Coreia do Sul e o Japão, buscando fortalecer alianças contra a China e a República Popular Democrática da Coreia, países que vê como supostos inimigos naquela parte do mundo.
No entanto, internamente, as respostas à Covid-19, à inflação, à crise de abastecimento, à questão da imigração; além dos desafios políticos causados por estados conservadores que colocam em risco o direito ao aborto são dificuldades não resolvidas.
É um ano difícil, dizem alguns observadores, lembrando que as eleições de meio de mandato cada vez mais próximas, marcadas para novembro, deixam pouco espaço para Biden dar respostas a problemas que podem pesar sobre os eleitores na hora de votar.
Um desses problemas é a migração. Na próxima segunda-feira, 23 de maio, o governo democrata deve suspender o polêmico Título 42, programa que o então presidente Donald Trump ativou em 2020, que permitia a expulsão imediata de imigrantes indocumentados na fronteira sob o pretexto de Covid-19.
O governo pediu a um juiz federal da Louisiana para decidir sobre uma ação movida por estados conservadores sobre a manutenção da política da era Trump, e uma decisão está pendente, informou o The Hill.
Alguns comentaristas acreditam que a decisão provavelmente favorecerá os republicanos, de acordo com uma reportagem da televisão Fox News.
O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, ao visitar a fronteira sul dos Estados Unidos na terça-feira (17), disse que o governo está pronto tanto para suspender o Título 42 como para lidar com o fluxo de migrantes que se deslocam pelo México com a intenção de cruzar a linha divisória.
Milhares de pessoas esperaram meses pelo fim das restrições da pandemia na esperança de entrar nos Estados Unidos, informou o The New York Times.
Independentemente do que acontecer com o Título 42 na próxima semana ou mais tarde, Mayorkas deixou claro que eles vão “fazer cumprir as leis” da imigração.
O Gabinete de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) revelou na terça-feira passada que em abril houve 234.088 detenções de migrantes indocumentados na fronteira, mais 5,4% do que no mês anterior.
Enquanto isso, até agora no período fiscal de 2022, que começou em outubro passado, o CBP fez 1.295.900 prisões de estrangeiros que cruzaram ilegalmente o território dos EUA.
Além da crise que se prevê nesse sentido, também se soma a esse cenário doméstico a agitação política causada pela ameaça de revogação de uma decisão histórica de 1973 da Corte Suprema (no caso Roe vs. Wade) que legalizava o aborto nos Estados Unidos.
A vice-presidente Kamala Harris atacou uma nova lei em Oklahoma que proíbe qualquer tipo de interrupção da gravidez e que entrará em vigor imediatamente se for assinada pelo governador republicano John Kevin Stitt, que quer fazer de seu estado o “mais antiaborto do país”.
Harris chamou a legislação de Oklahoma e as iniciativas restritivas em outros estados de “ultrajantes”, comentou The Hill.
O parecer final da Suprema Corte que anularia a sentença do caso Roe vs. Wade – recentemente vazado pela imprensa – “terá efeitos reais e imediatos sobre as mulheres em todo o país“, alertou a número dois da Casa Branca.
Por outro lado, embora a inflação esteja em queda, continua alta, para desgosto de muitos.
Os altos preços dos alimentos e da gasolina continuam atingindo o bolso do cidadão comum, e persiste a escassez de produtos como leite artificial para bebês, situação que impacta milhões de famílias, principalmente as de baixa renda.
Estrategistas democratas argumentam que algo é necessário para mostrar aos eleitores em novembro se eles quiserem manter o controle do Congresso.
Por exemplo, o que já foi a proposta estrela: o plano Recontruir Melhor (Build Back Better) de Biden, cujo objetivo era promover educação, assistência social e o combate às mudanças climáticas, morreu no mar de divisões do Capitólio e ninguém – ou quase ninguém- fala mais sobre isso.
Fonte: Prensa Latina