Ato no TCU não será última batalha contra privatização da Eletrobras
Ministros do TCU debatem a autorização ou não do processo de privatização da estatal. Sem conhecer ainda o resultado da decisão, os eletricitários advertiram que novas batalhas vão ocorrer para barrar a privatização.
Publicado 18/05/2022 17:14 | Editado 19/05/2022 10:47
O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) recebeu amplo apoio nesta quarta-feira (18), em Brasília, durante manifestação em frente ao Tribunal de Contas da União (TCU) quando no mesmo momento os ministros decidiam se autorizavam ou não a continuidade do processo de privatização da Eletrobras.
Sem conhecer o resultado da decisão, eles advertiram que o ato público não seria a última batalha para barrar o processo, pois no caso de uma decisão desfavorável o caminho natural será Supremo Tribunal Federal (STF).
A manifestação foi prestigiada por parlamentares da oposição e diversas entidades do movimento popular e social. Estavam presentes a União Nacional dos Estudantes (UNE), Federação Única dos Petroleiros (FUP), Central dos Trabalhadoras e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e funcionários da Casa da Moeda e Correios.
Uma das principais reivindicações era que os ministros suspendessem o julgamento e voltassem após receberem dois processos de fiscalização e controle aprovados na Câmara dos Deputados, cujo prazo de conclusão está marcado para o próximo dia 30.
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Um dos momentos comemorado no ato foi quando Vital do Rêgo, que na última sessão havia apontando irregularidade no processo, pediu para suspender o julgamento. “Voto no sentido de sobrestar a análise do processo devido à fiscalização citada (…) Nesse primeiro momento, esses valores aumentaram em R$ 9 bilhões”, afirmou o ministro. Os manifestantes acompanhavam a fala do ministro do lado de fora.
Vice-líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (PCdoB-BA), considerou a mobilização em defesa da Eletrobras um importante ato para impedir o andamento do processo “injusto e imoral da venda da maior companhia de energia do país”. “É preciso fazer barulho para que possamos defender a nossa soberania nacional!”, afirmou.
O líder da minoria na Casa, deputado Alencar (PT-SP), cobrou os membros da corte. “Esperamos que os ministros tenham compromisso com o povo e o país, porque as ilegalidades são grandes e eles não têm razão alguma para autorizar esse crime”, disse.
O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Eletronorte, deputado Zé Carlos (PT-MA), alertou que, com a privatização, a população pobre do Norte e Nordeste será gravemente afetada com o aumento da conta de luz.
Eletricitários
“Nós estamos na expectativa de que o TCU cumpra o papel que realmente ele tem [fiscalização e controle]. Porque esse é um processo viciado, possui várias irregularidades e o TCU não pode dar continuidade enquanto elas não forem equacionadas”, disse ao Vermelho o coordenador do CNE Nailor Gato, para quem não há outra alternativa, no caso de uma decisão desfavorável, o prosseguimento da judicialização.
De acordo com ele, o caminho natural será o ingresso com mais processos no STF onde já se encontram algumas ações diretas de inconstitucionalidades (Adins). Infelizmente, o dirigente diz que as ações estão nas mãos de Nunes Marques, o ministro indicado por Bolsonaro.
O engenheiro eletricista Ikaro Chaves, diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel), diz que se trata de uma luta muito difícil que já vem sendo travada desde o governo de Michel Temer.
“A pressão é muito grande do capital nacional e internacional, principalmente das grandes oligarquias. Nossa expectativa é que, além de julgar a privatização ou não, o TCU impeça ilegalidades, pois se tratar de um processo criminoso e fraudulento”, disse ele ao Vermelho.
A principal delas, segundo Chaves, foi a subvalorizarão da empresa. “Estão vendendo por menos da metade do preço”, disse. Ele lembrou que Vital do Rego apontou os valores, definidos pelo governo, subestimados em cerca de R$ 63 bilhões.